Parece mais do que válida a máxima de que se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé. Como é cada vez mais sério o baixo nível de qualificação dos profissionais, alteram-se as exigências para contratação. Em vez de correr atrás dos candidatos disponíveis com as características exigidas, as empresas resolveram reduzir os critérios antes pouco flexíveis. Agora, abre-se mão de experiência e da habilidade, ao mesmo tempo que aumentam os benefícios. Foi o que mostrou estudo da Fundação Dom Cabral sobre os principais desafios para contratar mão de obra de 167 empresas de diversos setores da economia.
A esmagadora maioria - 91% - relata dificuldades em preencher seus quadros. E, nesse caso, desponta a carência de profissionais qualificados como o principal entrave, reflexo do baixo nível educacional do país. Situação de décadas que, como se sabe, não se resolverá em pouco tempo. Serão mais anos e anos de espera, na hipótese de a educação melhorar consideravelmente, até atingirmos o nível que o Brasil precisa para fazer frente às exigências da sociedade.
Não são poucos os profissionais que chegam hoje ao mercado com dificuldades básicas como fazer contas ou interpretar textos. Assim, as companhias são obrigadas a ampliar investimentos em treinamento e capacitação, elevando os custos e reduzindo a sua competitividade, como lembra o responsável pela pesquisa, professor Paulo Resende.
Com isso, cada vez mais o produto brasileiro fica caro e distante de uma competição justa com seus parceiros, muitos dos quais com prioridade total e pesados investimentos em educação.