A pressão política dos governos sobre os bancos centrais é um dos maiores riscos para uma disparada da inflação. O alerta é de um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado nesta terça-feira, que defende a independência dos BCs como uma das armas para manter os preços sob controle.
A independência dos bancos centrais é uma das formas de passar maior credibilidade aos agentes sobre o comprometimento para controlar a inflação e, com isso, garantir que as expectativas dos agentes sobre os preços futuros ficarão firmemente ancoradas, destaca o relatório do FMI.
Para mostrar como a inferência política pode comprometer o controle de preços, o estudo do FMI avalia dois casos opostos nos anos 70, os Estados Unidos e a Alemanha. O caso alemão é considerado um exemplo bem-sucedido de controle de preços, com o banco central independente fazendo as políticas necessárias. Já o dos EUA é o contrário. Com crescente pressão de Washington para a redução das altas taxas de desemprego no país, o Federal Reserve não conseguiu fazer a política adequada para controlar a inflação naquele momento. Nesse cenário, os agentes não conseguiam ancorar suas expectativas sobre os preços futuros.
"A comparação desses dois países deveria servir como um importante lembrete sobre os riscos à inflação decorrentes da pressão política e limitada independência do banco central", conclui a análise do FMI.
O relatório é um capítulo que fará parte do relatório de Perspectivas Econômicas Mundiais, que será divulgado no próximo dia 15 na reunião de primavera do Fundo em Washington. Este capítulo não faz menção ao Brasil.