Ao investir em silos dentro das propriedades, agricultores gaúchos estão conseguindo uma vantagem: preços até 15% acima dos pagos aos que não usam estrutura própria.
Há 10 anos, o produtor de Linha São José, em Estrela, Waldomiro João Ohlweiler decidiu armazenar na propriedade o milho, vendido para indústrias de ração animal. Investiu cerca de R$ 1 milhão em três silos com capacidade total para 30 mil sacas.
- Foi a melhor ideia que tivemos para valorizar o produto. Conseguimos uma diferença de pelo menos R$ 6 a mais por saca de 60 quilos só com o produto que está na fazenda - afirma Ohlweiler.
Em outras culturas, a situação é semelhante. Conforme Carlos Alberto Angonese, assistente técnico regional da Emater em Erechim, produtores de soja da região que retêm o grão na propriedade ganham cerca de R$ 85 por saca de 60 quilos, enquanto o preço médio registrado é de R$ 65,60. A qualidade é outro ponto a favor.
- Se o agricultor mantiver o produto consigo, pode ter um preço melhor, já que é ele quem define a hora da venda. Além disso, temos casos de gente que guardou grão por mais de um ano e não perdeu a qualidade por estar mantido em boas condições - salienta Angonese.
Especialista em armazenagem, o professor e coordenador do laboratório de pós-colheita da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Moacir Cardoso Elias, avalia que, mesmo com os avanços tecnológicos, ainda existe um longo caminho até o produtor desenvolver a cultura de reter a produção na propriedade.
- Os agricultores precisam entender que a safra não se encerra quando colhem, mas sim, quando vendem o último grão. Quem tem o produto fica com o poder da decisão de vender pelo melhor preço e no melhor momento - recomenda Elias.
