Impulsionado por uma forte alta (11%) no quesito Emprego & Renda, o Rio Grande do Sul foi o Estado com maior crescimento (4,3%) entre os 10 primeiros colocados no Índice Firjam de Desenvolvimento Municipal (IFDM). Apesar da razoável melhora no indicador, que passou de moderado (0,7852) em 2009 para alto (0,8190) em 2010, uma análise mais acurada dos números mostra que o Rio Grande ainda precisa evoluir em muitos aspectos para pelo menos equilibrar-se com os líderes do ranking.
Elaborado pela Gerência de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) a partir de dados fornecidos por órgãos oficiais, o IFDM é organizado a partir de três vertentes: Emprego & Renda, Educação e Saúde. Em que pese uma evolução considerável na primeira, o Estado registrou crescimento modesto - inferior à média nacional - nas outras duas variáveis. Em Educação, a alta foi de 2,1% frente à elevação média nacional de 2,5%. Em Saúde, o crescimento foi de 0,5% diante de alta nacional de 0,9%.
O ranking por estados é liderado por São Paulo, seguido por Paraná e Santa Catarina, que em 2010 ultrapassou o Rio de Janeiro, também impulsionada por uma alta em Emprego & Renda. O Rio Grande permanece em sexto lugar.
- Acho pertinente olharmos outras dimensões para análise do desenvolvimento. Se pegássemos como comparação a participação no PIB do Brasil, o Rio Grande do Sul estaria à frente de Santa Catarina, que tem uma economia menor, mas, adotando o IFDM, que captura diferentes dimensões, o Estado está atrás - comenta André Moreira Cunha, professor do Programa de Pós Graduação em Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
O especialista chama atenção para o fato de, no quesito Educação, o Estado ter na atualidade um índice de 0,7515, ainda inferior à média nacional (0,7692).
- De forma geral, o Rio Grande do Sul tem uma posição ainda razoável, fruto do passado, porque os investimentos na estrutura física e social nos últimos 20 anos não foram satisfatórios. Estamos investindo menos do que deveríamos, e outros estados estão investindo mais do que nós - avalia Cunha.
Quatro gaúchos entre os cem melhores do país
O IFDM traz algumas notícias boas para os gaúchos. De forma geral, as cidades do Rio Grande do Sul estão em posição privilegiada na comparação com os demais municípios brasileiros. Quase a totalidade delas (96%) tem índices superiores a 0,6 ponto (desenvolvimento moderado ou alto), frente a uma parcela de 63% em nível nacional.
Nos últimos 10 anos, o IFDM gaúcho cresceu 26%, mudando o status de desenvolvimento moderado (0,6499) para alto (0,8190). Hoje, 30 das 496 cidades gaúchas estão classificadas com alto desenvolvimento no IFDM 2010. Quatro delas - Bento Gonçalves, Santa Cruz do Sul, Farroupilha e Caxias do Sul - figuram entre os cem maiores índices do País.
Primeira colocada no Estado, Bento Gonçalves avançou 3% em relação a 2009. Quatro municípios que não figuravam entre os 10 maiores IFDMs do Estado conquistaram posições na lista em 2010: Caxias do Sul, Carlos Barbosa, Nova Bassano e Teutônia.
Carlos Barbosa e Nova Bassano, duas das cidades gaúchas que mais cresceram no IFDM em 2010, foram impulsionadas por forte alta nos índices de emprego. Guilherme Mercês, gerente de Estudos Econômicos da Firjan, lembra que o saldo de empregos gerados em Carlos Barbosa foi negativo em 2009, com a extinção de 244 empregos formais naquele ano. Já em 2010, a geração foi positiva, com 952 novos postos de trabalho, superando em quatro vezes as perdas do ano anterior.
- Os setores que impulsionaram essa virada nas duas cidades foram, sobretudo, a indústria metalúrgica e, em certa medida, a construção civil - garante Mercês.
Enquanto Carlos Barbosa e Nova Bassano comemoram a evolução, alguns municípios não têm motivo para qualquer celebração. Entre as cidades gaúchas que mais caíram no IFDM estão Capão Bonito do Sul, que despencou da 290ª para a 485ª posição, e São Vicente do Sul, com uma queda do 383º para o 491º posto.
- É a existência desses indicadores que nos permite questionar. Nós, no Rio Grande do Sul, temos a ilusão de nos considerarmos melhores do que realmente somos. Estamos, a cada período, notando que, ou avançamos relativamente menos que a média nacional, ou ficamos para trás em termos absolutos - conclui André Moreira Cunha, da Ufrgs.
Confira a lista completa: