
Entre as marcas que a Expodireto Cotrijal deve deixar neste ano, a escassez de crédito rural é uma delas. A capacidade de investimento do produtor rural tem sido alvo de preocupação dos expositores nesta feira, que têm nas máquinas e implementos agrícolas o carro-chefe do seu faturamento.
Na Casa RBS, nesta quarta-feira (12), durante o segundo Campo em Debate, lideranças do setor produtivo debateram alternativas para driblar esse cenário. E todas elas passam pela tecnologia.
É o que defendeu Ricardo Alves, diretor comercial da Farmtech. Na sua avaliação, a tecnologia é uma aliada do acesso ao crédito rural porque possibilita um serviço ágil e de fácil contratação a partir da integração digital de dados e de elos da cadeia produtiva. Importante, continua, em um cenário de escassez de recursos da União e de instituições financeiras.
— Cada vez que o Brasil cresce, (o agronegócio) cresce em uma velocidade enorme, e o crédito rural já não dá mais vazão, digamos, a essa necessidade de capital (do produtor rural) — justifica Alves.
Diretor administrativo financeiro da Sementes Roos, Maurício Wilsmann lembra, no entanto, que o crescimento do uso de tecnologia para esse tipo de serviço financeiro já existe:
— Há alguns anos, quando se falava em crédito, se falava de comitê, de reuniões quase que diárias, um monte de documentação, três dias para analisar um Imposto de Renda. Hoje, se analisa um negócio em menos de um dia. E de forma totalmente digital.
Mas, na avaliação de Gustavo Barden, diretor comercial e de operações da SLC Máquinas, que é representante da marca John Deere no Rio Grande do Sul, precisa ser aprimorado. Segundo Barden, o tempo despendido entre a compra de uma máquina agrícola e a aprovação de crédito é “muito grande”.
— As próximas máquinas que estão por vir vão ter a capacidade de, ao longo do ciclo produtivo, já determinar a produtividade que a lavoura terá antes mesmo da colheita (o que agilizaria a contratação de crédito) — acrescenta Barden.
Barter é uma das alternativas que desponta
Entre as alterantivas dentro do âmbito da tecnologia no serviço financeiro, a modalidade barter é uma das que tem recebido maior procura de produtores rurais. Essa é a percepção de Cleber Maciel, gerente de Barter da FMC Agrícola, que também participou do evento.
No seu entendimento, o barter, que nada mais é do que uma modalidade de crédito em que o pagamento ocorre de uma forma diferente do crédito convencional, com a colheita, por exemplo, tem se consolidado como "mais uma forma do produtor financiar a sua produção".
— Tem se buscado mais financiamento através das operações estruturadas de barter por causa da dificuldade de acesso a crédito do produtor. Faz com que ele se provoque a entender mais sobre a ferramenta — analisou Maciel.