
Diante da recorrência de condições meteorológicas extremas, a necessidade do crescimento sustentável no agronegócio — e os desafios que ainda persistem para a sua implementação — pautou um dos debates durante a 25ª Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, nesta terça-feira (11).
Foi dentro da Casa RBS, que abriu a série de eventos do Campo em Debate na feira situada ao norte do Estado.
Para lideranças do setor produtivo que participaram do encontro, na iniciativa privada, o principal gargalo do setor atualmente é a falta de conexão de soluções. Já na pública, é a de políticas permanentes.
Foi o que criticou Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), que representou os agricultores familiares gaúchos no debate:
— Nós vivemos de pacote agrícola ao invés de vivermos de política agrícola.
Na avaliação do dirigente, são necessárias políticas públicas permanentes para o desenvolvimento rural sustentável.
Darci Hartmann, presidente do Sistema Ocergs/Sescoop-RS, que reúne cooperativas de diferentes ramos, incluindo o agro, concordou e justificou:
— Temos que ter em mente que o mundo mudou. Vai haver regiões que não vão conseguir produzir determinados produtos. Nós não podemos esperar. Precisamos deixar a nossa terra, o nosso solo, para os nossos sucessores.
Debate pautará evento na Assembleia
Presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Pepe Vargas também fez coro:
— Nós estamos aqui, no nosso Estado, há cinco anos sem condições climáticas normais (para produzir). O futuro já chegou.
Dentro da casa legislativa, Vargas disse que a preocupação também já existe. A pauta da sustentabilidade será o centro dos debates do próximo Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional, neste ano.
O evento contará com a participação de federações, instituições de ensino e pesquisa e da sociedade.
— Queremos discutir que políticas públicas temos atualmente e de quais políticas públicas precisamos — resumiu o deputado.
No âmbito da iniciativa privada, Márcia Capellari, presidente-executiva do Instituto Aliança Empresarial, entende que o cenário é diferente:
— A gente tem que sair desse modelo de discutir e ir para a prática. E não criar novos projetos. Eles já existem. Que a gente pegue isso e replique.
Presidente do Sindicato Rural de Palmeiras das Missões e produtor, Ivonei Librelotto concordou:
— Os atores envolvidos nesse processo estão fazendo a parte deles, têm soluções. Mas elas estão desconectadas. E o Rio Grande do Sul não tem tempo de esperar.
Librelotto citou como exemplo a sua propriedade. Segundo ele, há uma preocupação com a diversificação de culturas e a adoção da integração lavoura-pecuária para otimizar os recursos naturais. Na propriedade, o produtor cultiva milho, trigo soja e cria bovinos de corte da raça hereford e braford.
— Neste ano, as adversidades pegaram muito mais nos médios e grandes produtores porque eles têm, muitas vezes, monocultura. O pequeno produtor, que tem o peixe, a suinocultura, outras atividades, conseguiu sair mais resiliente disso — argumentou.