
Repetindo mais um ano de perdas na produção agrícola gaúcha por causa da estiagem, a soja, principal cultura de verão no Estado, deverá sofrer redução de 17,4% em produção, para pouco mais de 15 milhões de toneladas, em relação ao ciclo anterior. Em 2024, foram 18,2 milhões de toneladas colhidas.
A estimativa atualizada foi apresentada nesta terça-feira (11) pela Emater na 25ª Expodireto, em Não-Me-Toque.

— É o impacto mais significativo na economia que o Estado sofre na produção de grãos — avaliou o diretor técnico da Emater, Claudinei Baldissera.
No geral, a safra de verão deve ter quebra de 6% na temporada 2024/2025 devido à falta de chuva. O comparativo é em relação à colheita do ano passado, que sofreu impacto da enchente somente no fim do ciclo.
No milho, cultura com produção importante destinada à alimentação de animais, há uma redução de área, mas uma produção e produtividade maiores sobre o ciclo passado. O resultado é considerado relevante diante do quadro de estiagem.

A safra total deve somar 28 milhões de toneladas de grãos colhidos no RS. Na primeira estimativa, anunciada na última Expointer, a expectativa era colher 35 milhões de toneladas de grãos no RS.
Diferenças se confirmam
O retrato da safra desenhado pelos números confirma uma característica que já vinha sido apontada desde o início do ciclo. A forma "desparelha" com que a chuva atingiu as regiões produtivas trouxe ares de mosaico para a produção gaúcha. Os maiores danos pela estiagem estão na metade oeste do Estado, onde a colheita inevitavelmente será menor.

Apesar dos prejuízos, outras estiagens anteriores foram mais severas na série histórica do RS, situa o diretor técnico da Emater. Mesmo com a quebra, o volume colhido no ciclo 2024/2025 deve ser a oitava maior produção gaúcha em grãos.

— Evidentemente que se transformarmos em monetização, só em soja são R$ 13,5 bilhões a menos gerados, bruto. Se considerarmos o restante dos grãos, são R$ 14,5 bilhões de prejuízo ou de renda que o produtor e o Estado deixam de gerar — pondera Baldissera.
"Prejuízo gigantesco"
A apresentação dos dados foi acompanhada pelos secretários da Agricultura do RS, Clair Kuhn, e do Desenvolvimento Rural, Vilson Covatti, e outras autoridades como o presidente do Banrisul, Fernando Lemos. Os números sobre a situação agrícola também foram repassados ao governador Eduardo Leite, que foi representado na coletiva pelo vice Gabriel Souza.

— É uma perda relevante em virtude de mais um evento climático. Os números são importantes para podermos traçar ações e políticas públicas — disse o vice-governador, mencionando anúncio feito na segunda-feira por Leite sobre recurso para municípios atingidos pela falta de água.
Souza ainda falou da necessidade de se ampliar os sistemas de irrigação nas áreas agrícolas do Estado, com o objetivo de atenuar perdas nos próximos ciclos suscetíveis à irregularidade hídrica.
— O prejuízo é gigantesco e precisamos de medidas efetivas para enfrentar essa situação — reforçou Souza.
Luciano Schwerz, presidente da Emater, destacou a qualidade das informações levantadas pelos extensionistas da instituição para trazer um retrato da produção gaúcha. O levantamento diz respeito à economia do Rio Grande do Sul:
— Conhecimento e informação estão se tornando o insumo mais importante da propriedade rural. Não dá mais para fazer de qualquer jeito.