Os sucessivos cortes nas taxas de juros da Caixa Econômica Federal (CEF) para a compra da casa própria podem sinalizar que este é um bom momento para migrar o financiamento imobiliário. Como a taxa básica de juros vem caindo nos últimos anos (a Selic estava em 14,25% em outubro de 2016 e, hoje, está em 5% ao ano), trazendo para baixo os juros bancários, a tendência é que quem contraiu empréstimos imobiliários recentemente passe a encontrar condições mais favoráveis agora, com a Selic a 5% ao ano.
— É um bom momento para fazer a portabilidade de dívidas e pagar menos juros. O consumidor que tem contas de longo prazo, como financiamentos de casa, pode buscar condições mais vantajosas em outras instituições financeiras nesta nova realidade de juro mais baixo — sugere o educador financeiro Reinaldo Domingos.
No último dia 30, a Caixa anunciou redução do juro imobiliário para entre 6,75% e 8,5% ao ano, mais Taxa Referencial (TR), dependendo do grau de relacionamento do cliente com o banco. A maioria dos concorrentes também reduziu seus juros nos últimos meses. O Banco do Brasil cobra hoje um mínimo de 7,23% ao ano, conforme o Banco Central. O Itaú Unibanco, por sua vez, passou a pedir a partir de 8,16% ao ano. O Banrisul tem o índice mais alto dentre as instituições consultadas pela reportagem — mínimo de 8,89% ao ano.
— A portabilidade é relativamente simples de fazer, mas é importante que antes o cliente solicite simulações nos bancos que tenha interesse, para avaliar se a troca vale mesmo a pena — alerta Anderson Machado, diretor da Associação dos Mutuários e Moradores das Regiões Sul e Sudeste (AMMRS).
— Esta é uma opção inclusive para quem está com parcelas atrasadas – sugere.
Machado afirma que a Caixa pode ser uma boa alternativa para quem tem parcelas junto a bancos privados e pretende migrar o financiamento de um imóvel de até R$ 350 mil, mas os juros tendem a subir para contratos de maior valor ou renda familiar mais alta. Nesses casos, os bancos privados podem ser opção mais atraentes.
— Depois de ter a simulação, o cliente pode inclusive levar a proposta para seu atual banco para pedir uma contraposta, ou seja, condições mais favoráveis para um contrato que foi firmado em um contexto de juros mais altos — recomenda o diretor da AMMRS.
Custo efetivo total
No momento de simular a nova parcela, o cliente não deve levar como definitiva a taxa de juros informada, porque faz parte da composição de preço não só este valor, mas a tarifa e o preço do seguro. Cada cliente terá um preço personalizado, então é possível que um banco no qual o indivíduo é correntista ofereça taxas superiores às de outros bancos.
Neste aspecto, podem pesar contra ou a favor do consumidor o nível de relacionamento com o banco — quanto mais produtos e serviços houver em parceria, menor será o juro. Será importante avaliar se as "contrapartidas" pedidas pelo banco, como anuidade de cartão de crédito, tarifa bancária e cheque especial, valem a pena.
— Entre em contato com seu banco solicitando um documento que conste o saldo devedor e o número de parcelas a vencer, assim como o Custo Efetivo Total (CET). Com isso em mãos, é só negociar as taxas e comparar as propostas — diz o educador financeiro Jó Adriano da Cruz.
Os menores juros dos principais bancos para financiamento imobiliário (taxa anual)
- Caixa Econômica Federal: 6,76%
- Banco do Brasil: 7,23%
- Itaú Unibanco: 8,16%
- Santander Brasil: 8,34%
- Bradesco: 8,43%
- Banrisul: 8,89%
Fonte: Banco Central do Brasil