
Quando o assunto é investir, muitas pessoas analisam rentabilidade, prazos e riscos, mas você já parou para pensar nos custos envolvidos? Taxas, comissões e incentivos fazem parte do processo, mas nem sempre é uma tarefa fácil de compreender, o que acaba distanciando possíveis investidores. Em vigor desde novembro de 2024, a Resolução 179 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tornou obrigatória a transparência sobre esses valores. Mas, na prática, o que isso muda para quem já investe ou quer começar a investir?
Entendendo a Resolução 179 da CVM
Agora, a norma, apelidada de “resolução da transparência”, exige que os profissionais da área – como assessores, consultores e corretoras – divulguem suas comissões de forma antecipada aos clientes. Ou seja, as pessoas saberão como as empresas estão sendo remuneradas com base em suas recomendações.
Essa mudança pode influenciar a forma como os brasileiros investem seu dinheiro. Portanto, eles poderão avaliar se os custos do seu investimento estão realmente alinhados com seus interesses e até mesmo comparar outras alternativas.
O que muda para quem já investe
Nos últimos anos, o mercado de investimentos no Brasil tem experimentado um crescimento significativo. Conforme dados da 7ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro, realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em parceria com o Datafolha, o percentual de brasileiros investindo passou de 31% da população, em 2021, para 37% em 2023.
Esse comportamento tem resultado em um aumento de 12,6% no volume de investimentos dos brasileiros, o que significa um acúmulo de R$ 7,3 trilhões aplicados em 2024. Se você já faz parte deste grupo, a principal mudança é a maior transparência sobre os custos e incentivos envolvidos nas recomendações. Veja abaixo como a Resolução 179 impacta a forma que os brasileiros se relacionam com as aplicações financeiras:
Transparência nas taxas: instituições e profissionais da área devem informar detalhadamente todas as comissões e remunerações recebidas.
Extratos trimestrais obrigatórios: investidores receberão um consolidado das remunerações pagas aos distribuidores a cada três meses.
Informações acessíveis nos sites: plataformas precisam divulgar para usuários que estiverem logados em seus sites ou aplicativos, dados quantitativos sobre as remunerações envolvidas nas operações.
Comparação entre investimentos: com a padronização das informações, o investidor poderá analisar diferentes distribuidores e identificar a opção mais vantajosa para aplicar seu dinheiro.
Maior clareza em fundos de investimento: agora, quem investir será informado sobre a taxa efetiva de distribuição e sobre estimativas de taxas variáveis acordadas entre gestores e distribuidores.
Prazo para recebimento de informações: no caso de atendimento presencial ou telefônico, as instituições terão até três dias úteis para disponibilizar os dados ao investidor.
Aplicações no exterior mais transparentes: quem investir no exterior por meio de uma instituição indicada por um distribuidor brasileiro terá acesso à descrição qualitativa da remuneração envolvida.
Mais supervisão e padronização: as instituições precisarão manter um documento interno detalhando os procedimentos de verificação da remuneração, que será supervisionado pela Anbima.

O que muda para quem quer começar a investir
Se por um lado, existem aqueles já estão acostumados a investir, em contrapartida, há brasileiros que não sabem por onde começar. Esse comportamento se reflete na pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (Ibpad), que constatou que 63% dos brasileiros não investem porque não têm dinheiro ou não sabem como investir. Desses, 27% acham muito difícil ou não sabem por onde começar, o que coloca a falta de conhecimento sobre o assunto como uma barreira significativa.
Se antes esta barreira podia distanciar a população de investir, seja por falta de conhecimento na área ou por simplesmente não entender os processos de remuneração dos profissionais do setor, agora, com as mudanças da Resolução 179, interessados no assunto poderão acessar o conhecimento de forma mais fácil e transparente. Afinal, com a nova regra, quem for dar os primeiros passos no mundo dos investimentos poderá evitar surpresas com taxas extras.
Pensando em se adaptar as recentes mudanças, diversas instituições estão buscando atender às exigências de transparência, enquanto outras já estavam atuando com base nestas medidas. Um exemplo disso é a Warren Investimentos, que adotou desde sua fundação o modelo fee-based – que conta com uma cobrança de taxa clara, combinada previamente com o cliente, evitando possíveis conflitos de interesse.
Segundo o Chief Operating Officer (COO) da Warren, Luis Pauli, a gestora de títulos aposta neste modelo para eliminar conflitos de interesse ao cobrar uma taxa fixa pela gestão dos investimentos, sem comissões escondidas.
— Indo na contramão do mercado, a Warren cobra uma taxa fixa sobre a totalidade do patrimônio dos seus clientes. Isso garante ao investidor que as recomendações dos produtos serão pautadas, exclusivamente, na qualidade e no alinhamento com seus objetivos — afirma.
Para ele, a transparência nas remunerações e a padronização das informações são passos importantes para um mercado financeiro mais equilibrado e confiável, seja para quem já investe ou para quem está começando.