As exportações brasileiras do agronegócio bateram recorde em 2023, atingindo US$ 166,55 bilhões. A cifra foi 4,8% superior a 2022, o que representa um aumento de US$ 7,68 bi, conforme o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). De acordo com o Mapa, o desempenho foi influenciado, principalmente, pela quantidade embarcada.
Para além do agronegócio, os números expressivos são frutos de uma cadeia produtiva que envolve também a indústria. Neste caso, pode-se dizer que tudo começa no campo e termina na mesa do consumidor. Como fomentador de mercado, o Sebrae RS trabalha continuamente para conectar essas pontas por meio de ações baseadas em conhecimento e tecnologia, criando oportunidades de negócios. E é por meio do encadeamento produtivo que são feitas conexões para alavancar a competitividade e aumentar a produtividade de pequenos negócios, para que eles tenham condições de atender às exigências de grandes empresas.
Fábio Krieger, gerente de Competitividade Setorial do Sebrae RS, explica que um olhar amplo sobre o encadeamento produtivo é fundamental para compreender melhor tendências e possibilidades.
– A gente acredita que o desenvolvimento de uma cadeia em um determinado território passa primeiro pela compreensão do campo à mesa ou da mesa ao campo, especialmente na cadeia agroalimentar. Significa que a gente tem de compreender o mercado de consumo, as necessidades dos consumidores, o que eles querem, como que eles se relacionam, o que acontece, e olhar o gap em cada um – pontua Krieger.
O gerente complementa que ter a compreensão do todo, dos processos e das cadeias de valores de cada segmento, aumenta a possibilidade de maior produtividade e, consequentemente, a competitividade, inclusive internacional.
Quando a gente olha exclusivamente de um determinado elo, como por exemplo o metalmecânico, isso nos distancia de enxergar o que está acontecendo na propriedade rural, por exemplo, e como ela se relaciona com o segmento. E, consequentemente, com o que está na mesa do consumidor e o que ele deseja consumir. Então, essa visão de cadeia produtiva nos oportuniza aproximar os elos, gerar mais negócios e aproximar os diferentes portes de empresas para reduzir esses gaps – explica.
A indústria metalmecânica, por exemplo, se conecta com o agronegócio, trazendo um diferencial competitivo. Uma pesquisa feita recentemente pelo Sebrae RS, em parceria com a Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mostrou que o segmento de implementos agrícolas tem um potencial de mercado nas regiões da Fronteira Oeste, Campanha, Noroeste, Norte e Planalto – regiões de destaque na produção de grãos e pecuária de corte – pela demanda por maquinário e tecnologia para o agronegócio.
Um exemplo dessa atuação de relacionamento entre cadeias produtivos pôde ser conferido na Expodireto Cotrijal 2024. No evento, o maior para agricultura de precisão na América Latina e que, em 2024, aconteceu de 4 a 8 de março, em Não-Me-Toque, o Sebrae RS promoveu a aproximação de pequenos negócios da indústria com a cadeia do agronegócio, foco do evento, em diferentes iniciativas. Através de um estande coletivo, o Sebrae RS proporcionou a 34 empresas de 22 municípios do Estado espaço para negócios e conexões com produtores e fornecedores.
– A Expodireto é um vetor de conexão entre os elos das cadeias do agronegócio e do metalmecânico – avalia o coordenador de Indústria do Sebrae RS, Fabiano Dallacorte. Ele explica ainda que, no espaço, foram ofertados produtos de diversas operações, contemplando atividades de preparo do solo, semeadura, plantio, tratos culturais e colheita, gestão energética, transporte, elevação, manuseio e processamento, tudo para acelerar e otimizar as atividades no campo.
– A modernização das atividades agrícolas gera, para o produtor, um grande aumento da produtividade, com expansão da fronteira e avanço do desenvolvimento tecnológico. O produtor ganha em tempo e em custo-benefício, obtendo bons resultados, representados pelas safras recordes demonstradas nos últimos anos – ressalta.
Outra ação do Sebrae RS na Expodireto foram as rodadas de negócios. Nelas, 168 micro e pequenas empresas tiveram a oportunidade de ofertar seus produtos e serviços para 25 grandes compradoras, em reuniões pré-agendas. A edição de 2024 das rodadas foi a maior já realizada pelo Sebrae RS na Expodireto Cotrijal, com aproximadamente 400 reuniões realizadas, e, aproximadamente R$ 8 milhões em negócios movimentados.
O analista de Competitividade Setorial do Sebrae RS, Jakson da Luz, explica que as rodadas da Expodireto são vitrines para que os participantes ganhem visibilidade e consigam compreender as exigências dos compradores.
– Conseguimos criar oportunidades para a pequena empresa, que dificilmente teria as portas abertas com uma grande empresa para apresentar seu produto. Então, ela tem acesso a 15 minutos de conversa com o comprador, que de outra forma seria muito difícil conseguir. É importante, também, essa oportunidade de escutar do comprador as demandas e entender se o produto oferecido está adequado naquele momento. Mesmo que não gere negócio imediatamente, há a chance de se adaptar a uma demanda de mercado.