
A presença de um cão-guia na vida de uma pessoa com deficiência vai muito além do simples auxílio na locomoção. Trata-se de uma parceria baseada em confiança, cuidado e independência. Para que essa relação funcione plenamente, é fundamental garantir não apenas o bem-estar do tutor, mas também a autonomia e a saúde do animal.
Celebrado em 30 de abril, o Dia Internacional do Cão-Guia é uma oportunidade importante para valorizar o trabalho essencial desses animais e reforçar a importância dos cuidados necessários ao longo de toda a sua vida. Esses cães passam por um rigoroso processo de socialização e treinamento e precisam estar em plenas condições físicas e mentais para exercer seu papel com segurança, garantindo mais liberdade e qualidade de vida às pessoas com deficiência.
“Tudo começa desde os primeiros meses de vida. Os filhotes são socializados em lares voluntários, onde aprendem a conviver com diferentes ambientes, sons e pessoas. Entre os 12 e 18 meses, eles vão para centros de treinamento especializados”, explica Nayma Picanço, médica-veterinária e coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera.
Nessa fase, o cão aprende comandos específicos, como desviar de obstáculos, parar em degraus ou guiar o tutor em linha reta. “O processo de treinamento dura de 6 a 12 meses e inclui avaliações rigorosas. Apenas cerca de 30% dos cães iniciados chegam a se tornar guias”, detalha.
Cuidados importantes com o cão-guia
Quanto aos cuidados veterinários com o cão-guia, Nayma Picanço explica que é preciso atenção. “Eles trabalham por anos, então qualquer alteração ortopédica, visual, auditiva ou comportamental pode comprometer seu desempenho e a segurança do tutor”, alerta.
Ela ressalta que o bem-estar físico e emocional do cão deve ser prioridade. “Consultas regulares, manejo sanitário e profilático dos animais, alimentação balanceada, descanso adequado e estímulos positivos são fundamentais para manter a motivação e a eficiência do animal”, afirma.
A médica-veterinária, a seguir, destaca cinco dicas para garantir a autonomia e saúde do cão-guia. Confira!
1. Respeite os períodos de descanso
O cão-guia precisa de tempo livre para brincar e relaxar. Evitar o excesso de trabalho é essencial para prevenir o estresse e o desgaste físico.
2. Mantenha a rotina de exercícios e passeios
Caminhadas regulares ajudam na manutenção da saúde física e estimulam mentalmente o animal. Sempre sob orientação do tutor, esses momentos reforçam a parceria e a obediência.

3. Alimente com ração de qualidade e no horário certo
A nutrição afeta diretamente a disposição e a saúde do animal. A alimentação deve ser adequada ao porte, à idade e ao nível de atividade do cão.
4. Atente-se a sinais de desconforto ou mudança de comportamento
Alterações no comportamento, como relutância em guiar, cansaço excessivo ou irritação, podem indicar problemas de saúde ou desgaste emocional.
Conscientização social
Além do respeito e cuidado no dia a dia, Nayma Picanço lembra da importância da conscientização social. “As pessoas precisam entender que o cão-guia está trabalhando. Respeitar seu espaço e o do tutor é uma forma de inclusão e empatia”, explica a médica-veterinária, que ressalta: “Jamais acaricie ou ofereça petiscos a um cão-guia em serviço. Ele está concentrado e qualquer distração pode gerar riscos ao tutor”.
Por Camila Souza Crepaldi