A estação mais quente do ano está há pouco mais de um mês de distância e promete trazer consigo mudanças gostosas na rotina: mais sol, calor, praia, piscina, viagens com amigos e bons drinks. Só que o período também é propício ao aparecimento de problemas à saúde íntima da mulher, à beleza da pele e à vitalidade dos cabelos. A convite de Donna, a ginecologista e obstetra Wilma Mendonça e a dermatologista especialista em doenças capilares Giselle Martins reuniram algumas dicas para quem quer se manter bem nesta época.
— O verão muda muito nossos hábitos de sono, ambiente e alimentação. Também costuma ter mais atividade sexual e mais vontade de fazer exercícios físicos — afirma a ginecologista.
Saúde íntima
Para entender o que muda, é preciso saber como as coisas habitualmente estão. No caso da região genital da mulher, o normal é que a flora vaginal tenha um PH ácido, entre 3,8 e 4,5, e seja composta por fungos, bactérias, células mortas e suor. Só que no verão, cresce o risco desse ambiente entrar em desequilíbrio por uma série de fatores:
— Usar biquíni e maiô deixa a região da vagina mais quente e úmida por mais tempo, mudando o PH. De modo geral, o verão é um momento mais propenso para esse desequilíbrio.
Essa modificação na flora vaginal é a responsável pelo surgimento de algumas “doencinhas de verão” como as vaginoses bacterianas, as reações alérgicas e as vaginites fúngicas, da qual a maior representante é a candidíase. Esta infecção é provocada por um fungo próprio da vagina, a cândida, que vive ali para proteger a região e mantê-la ácida.
— A cândida vira uma infecção quando encontra um ambiente mais favorável para isso, como a acidez extrema causada por má higiene, biquíni molhado e etc — explica Wilma.
Cuidado com a umidade
A tentação de passar o dia todo na praia usando a mesma roupa é grande, mas um perigo. Um dos cuidados essenciais com a saúde íntima, segundo Wilma, é não deixar a calcinha, o maiô ou a parte de baixo do biquíni úmidos junto ao corpo por muito tempo, pois ajudam na proliferação de fungos e bactérias. O ideal é trocar pelo menos uma vez ao dia, dando um intervalo da praia, por exemplo, para ir colocar roupas secas – se isso não for possível, secar-se ao sol também ajuda.
— Também é válido evitar sentar em uma cadeira de praia que não é sua ou na borda da piscina. O adequado é ter sempre à mão uma toalha, canga ou esteira que isole esse contato com germes externos. Sentar direto na areia também é um problema por ser repleta de germes, bichos geográficos e pulgas de cachorro, e favorece a subida de germes para a região íntima — alerta Wilma.
Aquele biquíni que ficou meses perdido na gaveta ou que acabou de chegar da loja não pode ser usado antes de lavar, já que microrganismos podem ter se multiplicados ali. A dica é usar sabão neutro, de coco ou de glicerina para higienizar a roupa e depois colocar para secar em um lugar ventilado.
Com relação especificamente às calcinhas, o melhor é apostar nas de algodão e em cores claras, que contribuem para a boa transpiração da vagina, essencial no verão. Por outro lado, roupas íntimas em materiais sintéticos e com muito corante – por exemplo as de Lycra na cor preta, marrom ou azul-marinho – tornam a peça mais isolante, o que favorece a formação de corrimento.
Cuidado com os protetores
Os protetores diários, embora passem a impressão de reduzir o desconforto da umidade na região íntima, são uma cilada, garante a ginecologista, porque deixam a região abafada e quente. O melhor é apostar na troca frequente de roupa íntima.
— Dê preferência também por dormir sem calcinha, porque no período da noite, a mulher consegue deixar a região mais livre para transpirar — recomenda a médica.
A libido aumenta no verão?
O verão tem roupa mais curta, desinibição e níveis mais altos de libido. Na estação em que as pessoas se estimulam mais sexualmente, lembra Wilma, é importante tomar alguns cuidados para não prejudicar a saúde, como usar preservativos para afastar o risco de ISTs.
— É importante fazer xixi após a relação para higienizar o canal urinário e diminuir a chance de infecção urinária pelo germe intestinal da escherichia coli. Fazer uma boa higiene, preferencialmente com água, vale também para quando a pessoa fizer cocô, pois quando ela transpira e se movimenta, o germe tende a conseguir subir para o canal urinário. E é importante saber que mulheres com pouca lubrificação vaginal tem mais chance de ter infecção urinária, porque ela é um fator de proteção contra infecções.
A alimentação também tem relação com a saúde íntima. A médica aponta que já ficou comprovado que dietas ricas em açúcares, carboidratos, doces, bebidas alcoólicas e alimentos altamente calóricos favorecem o desequilíbrio da flora vaginal.
– Alimentação tem tudo a ver com a vagina. Uma das causas já comprovadas de candidíase de repetição, por exemplo, são dietas muito ricas em doces. Intolerâncias à lactose e ao glúten favorecem corrimentos e cândida.
Se a mulher começou a apresentar corrimento ou qualquer outro desconforto na região genital, o ideal é que procure um ginecologista para saber se a causa é fúngica ou bacteriana e iniciar o tratamento apropriado. Agora, se estiver em uma praia super isolada, exemplifica a médica, e não conseguir acessar um especialista, um banho de assento, com chá de malva ou de camomila, ou o flogo-rosa, pode trazer um alívio temporário.
— Ela pode fazer uma mistura com água e ficar sentadinha nela por uns seis minutos. O ideal é parar de ter relação sexual, porque pode afetar o parceiro. Quanto às idas à praia, não tem por que parar, mas a água do mar pode causar ardência desagradável.
Como cuidar da pele no verão
No seu consultório, o verão é a época em que a dermatologista e especialista em doenças capilares Giselle Martins vê aumentar uma série de problemas de pele, como infecções por fungos, manchas, melasma, foliculites e acnes. Os fungos, por exemplo, gostam muito do calor e da umidade da estação, por isso a recomendação é manter o corpo e os pés secos e arejados, com o uso de calçados abertos e roupas leves, evitando tecidos sintéticos.
Fazer um esforço para segurar a onda nas refeições também pode valer a pena se o desejo é por uma pele livre de espinhas. Isso porque o consumo reduzido de alimentos gordurosos ajuda a ter uma pele menos acneica.
— Muitas pacientes reclamam da oleosidade da pele no verão e o que observamos é que, com as férias, ocorre a mudança de hábitos alimentares que pode tornar a pele mais propensa a formação de acne, tanto na face como nas costas. O uso de protetores solares mais oleosos também pode piorar a região. Orientamos sempre usar produtos adequados ao tipo de pele da pessoa e manter a alimentação mais leve — afirma Giselle.
Como se bronzear e qual protetor solar usar
Sabemos que pegar sol é gostoso e tem seus benefícios: além de bronzear, é essencial para manter os níveis de vitamina D adequados. Mas a dermatologista alerta que é preciso cuidado com excessos. A recomendação é utilizar protetores solares com FPS (sigla para fator de proteção solar, responsável pela proteção contra raios UVB) maior que 30 e aplicá-lo novamente ao longo do dia, principalmente depois de um mergulho. Também vale a pena investir em barreiras físicas, como chapéus, bonés e camisetas.
— Pessoas que têm a cor de pele mais clarinha, indivíduos com comorbidades fotossensíveis, como albinos e vitiligo, com câncer de pele prévio ou lúpus devem ter cuidados redobrados e evitar ao máximo a exposição solar, mesmo fora dos horários em que o sol é mais intenso.
O melasma é um distúrbio dermatológico que costuma acometer muito mais as mulheres do que os homens. Para amenizar o problema, a recomendação é ter cuidado redobrado com o sol e reaplicar o protetor solar a cada três horas. O ideal é utilizar um com FPS 50 ou maior.
— A quantidade ideal é aquela que cobre toda a mancha, pois se não vemos, o sol também não vê. Também é indicado fazer uma reavaliação dermatológica para saber que produtos podem ou não ser utilizados no tratamento de melasma, já que alguns ácidos fotossensíveis são mais adequados para uso no inverno ou quando não houver risco de exposição solar frequente – explica.
Cuidado com as queimaduras
O ideal é não levar para casa uma queimadura de sol, mas, se acontecer, fique atento: pele avermelhada é considerada queimadura de grau um, enquanto que a formação de bolhas dolorosas caracteriza um nível mais sério, de grau dois, que pede cuidado de um médico.
— É imprescindível procurar ajuda para evitar manchas e riscos desnecessários. Evite passar produtos populares como pasta de dentes e café, pois eles não ajudam em nada. O ideal é lavar a pele utilizando água morna e com delicadeza, e se proteger com o uso de protetores de barreiras físicas, como roupas e chapéus com função FPS medida. Também nunca se deve estourar as bolhas — detalha Gisele.
Como cuidar dos cabelos
Por causa do calor, do suor, da maresia e da sensação de areia pelo corpo, inevitavelmente aumenta a frequência das lavagens dos cabelos. Só que, quanto mais se lava, mais o xampu retira a oleosidade natural dos fios e danifica as madeixas.
— É importante hidratar com mais frequência do que nos meses mais frios e evitar usar equipamentos para secar e modelar os fios em temperaturas muito quentes. Na hora de lavar, o ideal é que a água esteja morna — diz Giselle.
Nesta época, os fios também tendem a ficar opacos, com frizz e secos, aponta a dermatologista. Uma estratégia é aplicar boas máscaras de hidratação, leave-ins ou óleos vegetais no comprimento dos fios antes de ir para o mar ou piscina:
— A ideia é criar uma camada de proteção aos fios. Hoje em dia temos produtos feitos para esse propósito. Quanto à queda de cabelo, Giselle explica que é um fenômeno natural e que tem certa sazonalidade, mas que isso varia de pessoa para pessoa — algumas perdem mais no verão, outras no inverno.
— Qualquer alteração deste comportamento deve ser considerada motivo de alerta para procurar um dermatologista — conclui a especialista.
Agradecimentos:
- Local: Clube do Comércio de Porto Alegre (Av. Bastian, 164 – Porto Alegre/RS)
- Stylist: By Ale @byale.oficial