Por trás de uma grande mulher existem outras grandes mulheres. Pensando nisso, convidamos quatro personalidades que são referência em suas áreas para indicar uma mulher que foi fundamental para elas se tornarem quem são.
A economista Patrícia Palermo, a primeira Miss Brasil negra e empresária Deise Nunes, a secretária de Saúde do Estado, Arita Bergmann, e a premiada cientista Marcia Barbosa contam suas histórias e apontam quem serviu de inspiração, apoio e ombro amigo – para além de suas próprias mães, indicação que costuma surgir de pronto na cabeça de qualquer uma de nós.
Às vésperas do Dia da Mulher, no próximo dia 8 de março, dividimos um convite para todas reconhecerem a rede feminina que fez diferença nas nossas vidas até aqui – e também para refletirmos como ainda podemos inspirar, na prática, a vida de tantas outras por aí. Abaixo, leia a história de Deise Nunes e sua madrinha, Marlene Peixoto Nunes.
"Marlene me impulsionou a ser melhor"
Deise Nunes, 52 anos, é lembrada com admiração por ter quebrado tabus. Entrou para a história como a primeira mulher negra a ser coroada Miss Brasil, em 1986, garantindo vaga para o Miss Universo. Mas a gaúcha reconhece que só conseguiu abrir caminho para tantas outras porque foi incentivada por mulheres que não tinham medo de peitar o mundo.
E nesse time de inspirações liderado por sua mãe, Ana Maria, há outro nome que ganha tanta importância quanto: a madrinha Marlene Peixoto Nunes, 67 anos. Ela era determinada e destemida. Em plenos anos 1970, com um filho pequeno, optou pelo divórcio, enfrentando comentários maldosos de amigos e familiares. Pouco depois, meteu na cabeça que iria trabalhar na Polícia Civil. Dito e feito: estudou e passou em um concurso para ser inspetora. A relação próxima com a madrinha fazia Deise acreditar que não havia limites para correr atrás do que se desejava.
— Ela era à frente do seu tempo, sempre foi. Muito autêntica e batalhadora. Apoiou minha mãe, que era solteira, quando eu nasci. Sempre a admirei, tanto que a Marlene se tornou minha segunda mãe. Ela é uma madrinha de verdade — conta Deise, que também atua como empresária.
Se a minha mãe faltasse algum dia, não tenho dúvidas que Marlene seria a referência de mulher na minha vida.
DEISE NUNES
Quando Deise decidiu ingressar no mundo dos concursos de beleza, foi apoiada incondicionalmente pela madrinha. "É o que tu quer? Então, vai lá", dizia Marlene para a adolescente. A madrinha cansou de acompanhar Deise em viagens e eventos mesmo depois do Miss Brasil, já que a gaúcha ainda é muito requisitada para participar de júris de concursos. Elas criaram uma conexão, uma espécie de amizade que só amadureceu ao longo dos anos. Antes da pandemia, se viam pelo menos uma vez por semana. Agora, as conversas são só virtuais, e a saudade aperta:
— Ela sempre foi minha confidente. Aquelas coisas que não falamos para as mães, conversava com ela, discutíamos, trocávamos ideias, isso até hoje. Se me aperto, corro para ela. Claro que os papos mudaram. Hoje, falamos até de menopausa (risos). Sempre tivemos um papo aberto — conta.
Nos momentos de fragilidade, lembra ela, Marlene estava lá. Quando a segunda filha de Deise nasceu, a madrinha se ofereceu para ficar no hospital como apoio, já que o primeiro pós-parto da empresária havia tido complicações. Depois, passou mais de um mês na casa da empresária auxiliando nos cuidados com as crianças.
— Foi um momento que me marcou muito. Se a minha mãe faltasse algum dia, não tenho dúvidas que ela seria a referência de mulher na minha vida. Ela sempre me impulsionou para ser melhor — define Deise.