A cantora Ivete Sangalo, de 47 anos, estrela a edição de maio da revista Vogue Brasil. Na entrevista, desabafou sobre as dificuldades que enfrentou logo depois do nascimento das filhas gêmeas, Helena e Marina, de dois anos.
— Eu tinha um filho de oito anos e quatro meses que vivia comigo uma exclusividade de relacionamento, aquela mãe 100% para ele, e eu tive gêmeas. Então, de um filho pulou para três e a relação exclusiva que eu tive com meu filho eu deparei com não ter com elas. Tive que aprender a dividir minha atenção e muitas vezes abrindo mão da minha própria felicidade — relatou ela, que também é mãe de Marcelo, de oito anos.
Ivete conta que sofreu por não conseguir dar a atenção que esperava para as pequenas, e por isso chorou muito no pós-parto.
— Quando nasceram as duas meninas, eu queria ter com elas o mesmo processo de exclusividade que eu tive com o filho único. E não é possível, porque elas são duas, em número elas são maiores. Eu tinha sempre que entregar uma para dar de mamar para a outra. Tinha que dar o banho em uma, entregar, para continuar a dar o banho na outra. Então, sempre tinha que entregar. Isso me fez sofrer muito, mas você não tem ideia, eu passei um mês, o primeiro mês de vida delas eu passei chorando. Só que eu sabia na minha cabeça que eu estava sob efeito de hormônios — afirmou.
Para a cantora, esse choro era um momento em que ela se permitia extravasar os sentimentos, um direito seu como mãe e mulher.
— Passei um mês me dando o direito de chorar todos os dias, uma hora por dia. Eu mesma botava músicas românticas, tristinhas, dava aquela chorada, dava uma aliviada, e voltava. Era quase que na agenda. Quando estava todo mundo dormindo eu ia lá no meu som, ficava na janela, buscava o ângulo mais bucólico, mais sofredor, ligava a música, me apropriava daquele momento, chorava, depois eu desligava e ia continuar vivendo a vida. Porque eu sabia que eu podia aquilo, era um direito meu, de mulher. Nem todas as mulheres têm essa consciência ou essa percepção, mas eu, graças a Deus, eu entendi isso, eu digo "eu tenho esse direito" — concluiu.