Com a chegado dos dias mais quentes, está dada a largada para a busca pelo corpo ideal para o verão. E é aí que surge todo tipo de promessas milagrosas para perder aqueles quilinhos indesejados a todo custo. Porém não existem milagres e atitudes drásticas como dietas de restrição alimentar, além de não trazerem resultados efetivos, podem trazer riscos alarmantes
– O universo fitness e as redes sociais acabam influenciando as pessoas a buscarem a magreza o mais rápido possível, e muitas encaram as dietas de restrição como forma de atingir esse objetivo. Mas elas não sabem ou fingem não se preocupar com os riscos. Anemia, dores de cabeça e fraqueza são alguns dos malefícios de quem restringe a alimentação ou para de comer – explica a nutricionista Paola Jesus de Sousa, do Centro Clínico Gaúcho.
Segundo a especialista, além de eliminar refeições, determinados alimentos também caíram no gosto da lista de restrição. O glúten e a lactose que o digam. Para ela, restringir leites e farinhas com glúten da dieta virou moda.
– As pessoas optam pela retirada desses itens com o objetivo de emagrecimento e acabam emagrecendo, pois restringem diversos alimentos do cardápio como, pães, bolos e doces – pontua a profissional, acrescentando que essas restrições podem gerar deficiências nutricionais a longo prazo, como deficiência de vitaminas do complexo B e de fibras.
Segundo Paola, não existe a necessidade de exclusão total desses alimentos, a não ser que o paciente apresente características clínicas típicas da intolerância à lactose e ao glúten. Retirar a carne do cardápio, por exemplo, também pode ser uma ideia perigosa, já que restringir o consumo de proteínas sem adoção de uma dieta equilibrada pode trazer prejuízos, como deficiência de vitaminas do complexo B e alguns minerais. Para isso, é necessário compensar os nutrientes com fontes de proteínas vegetais, como as leguminosas e seus derivados (feijão, lentilha e grão de bico), as oleaginosas (castanhas do Pará, caju, amêndoa e amendoim), sementes (chia e linhaça), cereais e seus derivados (quinua e amaranto). Em alguns casos, faz-se necessário o uso de suplementação de nutrientes.
Abaixo, a nutricionista elucida outras questões sobre dietas para tomar cuidado:
Uma pessoa que deixa de ingerir lactose, mesmo não sendo intolerante ao leite, está deixando de incluir benefícios em sua dieta?
Sim, o leite é a principal fonte de cálcio para o organismo e sua reposição a partir de outras fontes é difícil, se não houver uma alimentação balanceada com outras fontes alimentares. Por isso quando existe a exclusão de laticínios, deve utilizar suplementação de cálcio e de vitamina D.
É possível restringir e obter nutrientes presentes na lactose através de outros alimentos?
A maior preocupação é substituir os nutrientes encontrados no leite, principalmente o cálcio, pois sua deficiência pode causar osteoporose. Temos inúmeros alimentos que fornecem nutrientes e quantidades de cálcio adequados. Iogurtes e leites a base de soja são bons substitutos e totalmente sem lactose. Outros alimentos com altos teores de cálcio que podemos incluir no cardápio são: verduras verde escuras, gergelim, feijão, leguminosas, tofu e ovos.
O glúten faz mal para o organismo, como alguns pregam?
O glúten pode ser prejudicial ao organismo, mas comprovadamente apenas entre aqueles que sofrem de doença celíaca. Há ainda pessoas que não sofrem de doença celíaca, mas que tem intolerância ao glúten, elas passam mal quando consomem a proteína. Retirar o glúten da alimentação pode impactar no aporte de energia, fibras e vitaminas. Os carboidratos com glúten podem ser incluídos na dieta, mais sempre optando pelas versões integrais que equilibram a flora intestinal e ajudam a controlar a glicemia e a pressão.
Os nutrientes presentes no glúten podem ser encontrados em quais outros alimentos?
Pode-se incluir na dieta derivados do milho, como amido de milho, farinha de milho e fubá, derivados de batata, como a fécula de batata, e a mandioca, da qual podemos obter farinha, polvilho azedo, polvilho doce e tapioca.
