Ando bastante pelo Centro do Rio, sempre tentando mudar um pouco o caminho que faço todos os dias. Quando vejo algum lugar em obra, começo a imaginar todas as coisas incríveis que poderiam funcionar ali (especialmente opções de comida). Às vezes me frustro com mais uma farmácia, mas também há boas surpresas, como o Beco do Hamburguer.
Um dia dobrei no Beco dos Barbeiros e vi a obra. Aos poucos, o lugar foi tomando forma e revelando aquela fachada bonita e simples.
Simplicidade que se traduz no cardápio e na forma de pedir. “Um cheeseburguer completo, bacon, batata frita e um refrigerante”.
Depois de fazer o pedido no caixa, é hora de babar olhando para a chapa. Digo, hora de esperar o pedido ficar pronto.
Mas dá para babar enquanto seu hambúrguer vai passando por todas as etapas até chegar a você, né? Não se preocupe, há um vidro que impede você de atacar as pessoas manipulando a comida do outro lado.
Quando o pedido é anunciado, você vai lá e busca seu saco de papelão. Recomenda-se controle para não rasgar o saco e se agarrar ali mesmo com o hambúrguer. Seja cool. Pegue o seu saquinho e vá até uma mesa ou leve com você para um lugar mais reservado.
Para quem pedir refrigerante, a máquina fica à disposição para você encher o copo quantas vezes quiser. Encher o copo reforça a aparência despojada e tranquila que você está querendo manter.
Pronto, agora é só você e ele. Respire fundo.
Aquele momento tão aguardado chegou. Você, o hambúrguer e a batata se olham. O queijo derretido se espalha sem vergonha pelo pão caseiro, macio, quentinho. O suco da carne escorre pelo papel, enquanto o cheiro invade suas narinas de um jeito inebriante. O bacon, displicentemente se insinua, brilhante, no meio de tudo e a salada e o picles, lambuzados com o molho da casa, dão aquele charme de quem é naturalmente uma delícia. E a batata...
Ah, a batata! Aqueles bastonetes crocantes, sequinhos, salpicados com sal - e um pouquinho de páprica que deixa tudo ainda mais quente.
Se o fato de estar tocando Arcade Fire enquanto eu estava lá não tivesse somado pontos à experiência, poderia jurar que ouvi Marvin Gaye cantando Let’s get it on no momento em que encarei aquele hambúrguer angus de perto e levei ele até a minha boca para a primeira mordida.
Mordida que revelou a carne vermelha e suculenta e todos aqueles sabores.
Durante todo o tempo, foi como se eu e o hambúrguer estivéssemos sozinhos ali. Só depois de limpar a boca e colocar todos os guardanapos usados no saco de papelão, que percebi o lugar cheio.
Na verdade, o Beco fica tranquilo durante quase todo o tempo e dá até para aproveitar a trilha sonora e fugir da correria do Centro, mas enche bastante na hora do almoço com várias pessoas que correm lá atrás daquele saco de papelão. Você culparia alguém por isso? Paguei R$ 35,30, sem culpa.
destemperados
Beco do Hamburguer: uma ótima surpresa!
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