No meu tempo de guri, nos anos 1980, raras eram as super-heroínas. Quer dizer, até havia, mas sem protagonismo, salvo a eterna exceção da Mulher-Maravilha. Um exercício de memória e arqueologia vai desencavar outros exemplos de personagens femininas que, pelo menos nos Estados Unidos, estrelavam um gibi próprio – de Ametista, na DC, a Cristal, na Marvel. A maioria, no entanto, ocupava postos de coadjuvantes em equipes: Estelar e Ravena, dos Novos Titãs, Feiticeira Escarlate e Capitã Marvel, dos Vingadores, Fênix e Tempestade, dos X-Men, Canário Negro, da Liga da Justiça... Em um universo predominantemente masculino, nas páginas e nos seus bastidores (podia-se contar nos dedos de uma mão as roteiristas e as desenhistas), as mulheres estavam lá não por uma questão de representatividade ou diversidade sexual, mas para reforçar a atração do público masculino. Seus corpos eram esculturais, seus trajes, mínimos, suas poses, sedutoras. Essa situação só piorou nos anos 1990, com a ascensão da editora Image – os contornos femininos foram exagerados, as roupas encolheram, os ângulos beiravam a pornografia.
Opinião
Ticiano Osório: "Por que ler as HQs da Thor, da Ms. Marvel, da Gaviã Arqueira e da Viúva Negra"
Super-heroínas da Marvel quebram estereótipos das personagens femininas nos gibis do gênero. Todas são publicadas no Brasil pela Panini
Ticiano Osório
Enviar email