Os quatro anos de jejum entre Selton Mello e a TV aberta desde que encerrou A Mulher Invisível (Globo, 2011) estão prestes a acabar. O ator é um dos protagonistas de Ligações Perigosas, minissérie que estreia na Globo no dia 4 de janeiro. Na trama, ele interpreta o sedutor Augusto de Valmont, que traça diversos jogos de prazeres com sua amante e comparsa Isabel (Patricia Pillar). Até que se apaixona por uma de suas "presas", Mariana (Marjorie Estiano).
- Foi um trabalho muito intenso e especial. Está entre uma das coisas mais importantes da minha trajetória. E olha que não é pequena: sou jovem, mas bem rodado - brinca ele.
Na entrevista a seguir, Selton fala sobre suas experiências nesse projeto e a vontade de voltar às novelas.
O que o fez aceitar o convite para Ligações Perigosas?
Era absolutamente irrecusável. A minha geração foi muito tocada pela versão cinematográfica do Stephen Frears. E fiz questão de não rever o filme, queria encontrar meu próprio Valmont. ê um papel clássico, tridimensional, cheio de possibilidades e com muitas camadas de entendimento.
Como foram as gravações na Argentina?
Muito bacanas, principalmente pelo nosso entrosamento. A gente ficava tomando vinho no fim do dia, contando histórias incríveis. Descobri que a Marjorie tem medo de fantasmas! E tinha um cara que cuidava da casa que, até hoje, a gente não sabe se existe mesmo (risos).
Quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou em Ligações Perigosas?
Estava bastante frio na Argentina. Tive cenas duras na Patagônia no que diz respeito à parte física. Outra coisa mexeu comigo: olhava para esse personagem e tinham algumas questões que não conseguia entender. Até que desisti e resolvi fazer de um jeito que o público sentisse o mesmo que eu. Ele se apaixonou? Não? ê tudo encenação? Acho que as pessoas também vão refletir sobre isso.
Você e o Ghilherme Lobo dividem o mesmo personagem na minissérie, em idades diferentes. Como foi esse encontro?
Muito rápido, mas bem produtivo. Comecei gravando e ele entrou depois. O Ghilherme assistiu a algumas cenas minhas e ficou sacando coisas. Espero ter ajudado em algo, mas sei que ele é um jovem ator muito talentoso.
Quanto tempo você passou envolvido com Ligações Perigosas?
Deu quase meio ano.
Esse é quase o mesmo tempo de dedicação para algumas novelas. Você não pensa em voltar a fazer, já que sua última foi Força de um Desejo, em 1999?
O problema é sempre agenda e duração. Vi recentemente Meu Pedacinho de Chão (2014) e Verdades Secretas (2015), por exemplo, e gostaria de estar em várias das que tenho assistido. Mas minha vida é muito dinâmica. Agora, estou cuidando da finalização de O Filme da Minha Vida, meu longa mais novo. Vamos lançar em 2016, provavelmente depois das Olimpíadas. Trabalhos curtos facilitam a minha vida.
Você ainda recebe convites para novelas?
Volta e meia me chamam e tento aceitar, mas até agora não deu para conciliar. Por isso não tenho contrato fixo com a Globo há 15 anos.
Com sua atividade de diretor, você acha que o mais natural é que, cada vez mais, você tente aliar as duas funções na TV? Já pensou em escrever algo para a Globo também?
Vou sempre dirigir e atuar. São duas atividades complementares na minha vida, uma não exclui a outra. Com respeito ao texto, não sei. Talvez sim, mas na direção com certeza. Até existe um namoro para dirigir, na Globo, um projeto em que eu participaria da concepção. Mas é cedo para falar disso.
"Ligações Perigosas" ganhou diferentes adaptações para o cinema