O bom desempenho de remakes como Escolinha do Professor Raimundo, que chega à TV aberta neste domingo (às 14h25min, na RBS TV) não chega a ser surpreendente. Afinal, só se opta investir em adaptações de obras que deram certo antes.
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Originalmente exibida pela TV Tupi, entre 1975 e 1976, a nova versão da novela A Viagem, feita por Ivani Ribeiro para a Globo em 1994, teve uma média geral de 52 pontos em uma época em que a meta das 19h, faixa em que era exibida, era de 40 pontos. O último capítulo chegou a marcar 80% de share, o que significa que, de cada cinco TVs ligadas, só uma não estava sintonizada na Globo.
A releitura de O Astro, assinada por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro em 2011, faturou o Emmy de melhor telenovela.
- Certamente, fazer essa opção traz segurança para o canal. Um tema que já é conhecido e deu certo no passado pode garantir a audiência de antigos fãs e a curiosidade de novos - analisa o crítico de TV Mauro Trindade.
Tramas mexicanas
O SBT também colhe bons frutos com suas apostas em adaptações, principalmente de tramas latinas. Desde que Iris Abravanel, mulher de Silvio Santos, tornou-se a única autora titular da emissora, a única novela que não foi adaptada ou inspirada em outra foi justamente sua primeira, Revelação, que teve média geral de cinco pontos. Menos da metade dos 12 pontos conquistados por Carrossel, entre 2012 e 2013.
Atualmente, está no ar uma versão da mexicana Cúmplices de um Resgate, que será substituída, no ano que vem, por Carinha de Anjo, também uma releitura produzida por Iris.
Direitos autorais
A Record é outra que mordeu essa fatia antes de começar a investir em folhetins bíblicos. Tiago Santiago estreou como autor principal na emissora com uma adaptação de A Escrava Isaura, em 2004. Estratégia semelhante a que adotou quando escreveu sua primeira novela no SBT, em 2010, Uma Rosa com Amor, inspirada no original de Vicente Sesso.
Na Record, a meta era conquistar entre sete e nove pontos com A Escrava Isaura, mas encerrou com excelentes 15 pontos. Mesmo índice alcançado pelo primeiro capítulo de Bicho do Mato (2006), versão da trama exibida pela Globo em 1972.
A última produção da Record na mesma linha foi Dona Xepa, em 2013, reprisada recentemente. Mas há planos de um novo remake: Pai Herói, escrita por Janete Clair em 1979, pode ganhar uma versão atual por Carlos Lombardi. Falta apenas resolver questões relativas aos direitos autorais.
De qualquer forma, há quem acredite que, dificilmente, as adaptações têm mais qualidade do que as obras originais. Na maioria das vezes, quando não se trata de uma trama de época, o problema está na diferença entre o contexto político, social e cultural.
- Melhor seria mudar tudo, conforme o interesse do autor e do diretor, para se conseguir uma obra coesa e não um apêndice do que já foi feito - defende o crítico de TV Mauro Trindade.