O ano está finalizando e a coluna faz aquele tradicional balanço para você lembrar alguns dos jogos e fatos que foram destaque. Nada a ver com melhores ou piores: o que interessa aqui é o que levou nossa pitoresca indústria para frente (ou para trás) em 2015
Leia nas colunas anteriores:
A doce nostalgia do relançamento de Full Throttle
Como o Brasil é representado nos games
Mad Max e o fim do mundo como o conhecemos
O ano das minas
Aos poucos, o eterno Clube do Bolinha vai cedendo espaço para as Luluzinhas. Este ano foi pródigo em mulheres protagonistas de grandes títulos - para ficar em apenas três dos maiores jogos lançados em 2015, Assassins Creed - Syndicate, Halo 5 - Guardians e Call of Duty - Black Ops 3. Mas foi nos jogos esportivos, clubinho ainda mais exclusivo para homens, que o avanço foi mais significativo. Em Fifa 16, pela primeira vez nos 22 anos da franquia, foram incluídas seleções femininas de vários países, com avatares moldados a partir de jogadoras reais - que também foram parar no material de propaganda. Os games oficiais do UFC, uma das maiores organizações de MMA do mundo, também incluíram lutadores mulheres neste ano e irão colocar a ídola Ronda Rousey na capa da edição 2016. É um incrível caminho sem volta.
O ano da retrocompatibilidade
Uma queixa constante sempre que uma nova geração de consoles é lançada: o que fazer com a montanha de jogos acumulada com os antigos videogames? Neste ano, Microsoft e Sony decidiram se mexer e apresentaram projetos de retrocompatibilidade. Desde novembro, donos de XBox One podem jogar mais de cem títulos de XBox 360, seja em versão digital, seja em disco. Já a gigante japonesa confirmou que trabalha na tecnologia para transpor jogos de PS2 para PS4, mas não adiantou quando o sistema estará operante. De qualquer forma, o recado está dado: a biblioteca da atual geração está deixando a desejar e o jeito é apelar para o acervo que ambas as plataformas possuem. Se por um lado é interessante voltar a interagir com antigos clássicos, também não deixa de ser uma experiência capaz de estragar memórias afetivas.
O ano em que a gauchada mostrou a que veio
Em velocidade de cruzeiro, o Rio Grande do Sul vai se consolidando como um dos principais polos desenvolvedores de games do Brasil. Neste ano, pelo menos quatro jogos de quatro estúdios diferentes ganharam destaque: um deles foi a dobradinha Palavra de Ouro e Letra de Ouro, que levou a Cupcake ao GameFounders, uma das maiores aceleradoras de empresas do mundo. Outro foi Starlit Adventures, eleito um dos melhores games de 2015 para iPhone e que rendeu o selo Top Developer, do Google Play, para a Rockhead Games. Sucesso absoluto no mobile e figurando em quase todas as listas de melhores do ano nacionais e internacionais, Horizon Chase, dos veteranos da Aquiris, vai estrear no PlayStation 4 em 2016. Outro destaque foi o ambicioso Toren, da Swordtales, primeiro jogo desenvolvido com recursos captados via Lei Rouanet.
O anos dos jogos de mundo aberto...
Se teve um ano em que a vida social ficou seriamente a perigo foi 2015. Não me lembro de um ano com jogos tão longos. Só a última obra-prima de Hideo Kojima para a Konami, Metal Gear Solid 5 - The Phantom Pain, tem mais de cem horas de jogatina em média (que podem chegar a 150 se você for caprichoso como eu). Outro game infinito é Fallout 4, imersivo ao extremo e repleto de atividades para serem completadas - não à toa, sua desenvolvedora, a Bethesda, está sendo processada por um jogador que alega ter perdido o emprego e a mulher por causa do game. Sem falar em The Witcher 3, Assassins Creed - Syndicate e Just Cause 3, cujas campanhas podem não ser exatamente longas, mas possuem mundos tão gigantescos e ricos que é fácil perder o caminho de casa. Acontece.
... e o ano da falta de boas histórias
É o que dizem: quantidade não significa qualidade. Eu tenho a nítida impressão de que 2015 não contou grandes histórias. Com honrosas (mas óbvias) exceções, como Metal Gear Solid 5 - The Phantom Pain, a maioria dos blockbusters correu atrás do próprio rabo. Em alguns casos, a narrativa foi simplesmente descartada, como em Star Wars - Battlefront e Rainbow Six Siege. O aguardado Batman - Arkham Knight foi outro que, sem contar o imbróglio da versão para PC, encerrou de maneira melancólica o melhor jogo de super-herói da história. Menos preguiça em 2016, minha gente.
Jogatina
Gustavo Brigatti: sim, nós temos retrospectiva
O que rolou de mais interessante no mundo dos games este ano
Gustavo Brigatti
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