Tudo o que é bom dura pouco, diz o velho ditado. Não foi o que sucedeu com a Orquesta Buena Vista Social Club, projeto que está chegando ao final depois de 18 anos de apresentações ao redor do mundo. Se nada excepcional acontecer, será nesta quarta-feira a última aparição da big band caribenha em território gaúcho. Ainda há ingressos à venda para o show, que está marcado para começar às 21h, no Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre.
- Será um concerto muito especial - promete a diva Omara Portuondo, em entrevista concedida por e-mail a ZH. - Como forma de agradecer pelo carinho de tantos anos, vamos apresentar surpresas e tocar novas canções.
A cantora é uma das remanescentes do projeto desde seus primeiros anos, junto ao trompetista Manuel "Guajiro" Mirabal, o alaudista Barbarito Torres e o trombonista Jesús "Aguaje" Ramos, que também assina a direção musical desta Adiós Tour. Nas quase duas décadas decorrentes após a histórica reunião do grupo no Carnegie Hall, em Nova York - e do posterior lançamento do documentário Buena Vista Social Club (1999), de Wim Wenders -, vários talentos das novas gerações de músicos cubanos foram incorporados ao projeto. Entre eles, o pianista Rolando Luna, presença confirmada no concerto desta quarta. Mas a noite será dos veteranos.
- Haverá homenagens a todos os artistas que foram parte do Buena Vista - antecipa Barbarito Torres, referindo-se, entre outros, a Compay Segundo, Ibrahim Ferrer e Rubén González, que morreram no início dos anos 2000. - É nossa maneira de agradecer à sua arte e manter todos presentes nessa celebração da nossa música.
As "novas canções" referidas por Omara Portuondo são as do recém-lançado disco Lost & Found, que reúne boleros e rumbas até então inéditos no repertório da Orquesta Buena Vista. A marca desta Adiós Tour, no entanto, são os arranjos diferentes para os temas clássicos do cancioneiro cubano.
- Mas nos mantemos fiéis às tradições da música de Cuba - garante Barbarito. - É nossa cultura, nossa raiz.
Cineasta responsável pelo documentário Lixo Extraordinário (2010) junto aos brasileiros João Jardim e Karen Harley, a britânica Lucy Walker já trabalha no registro audiovisual da Adiós Tour - a intenção é lançar um novo filme nos moldes daquele assinado por Wenders, fechando o ciclo do projeto. Nos shows já apresentados, ela pôde gravar performances de Candela, Veinte Años, Chan Chan, Dos Gardenias e Quizás, Quizás, Quizás, entre outras. Aos 84 anos, Omara Portuondo sintetiza assim a emoção de cantar essas canções nessa turnê tão especial:
- O sentimento está à flor da pele. No palco e também na plateia.
E por que, afinal, encerrar o projeto?
- Já cheguei a pensar que seria um "Até logo", mas a verdade é que chegou a hora. Alguns de nós querem priorizar os projetos pessoais. Outros, estar com suas famílias - responde a cantora.
Barbarito Torres complementa:
- Pode-se imaginar a honra que é fazer parte de algo tão bonito e longevo, que inegavelmente deu nova dimensão às nossas carreiras. Mas as coisas vão mudando, adaptando-se. Já era assim antes, assim continuará sendo.
É de Omara, de todo modo, que vem a mais alentadora perspectiva de futuro pós-Buena Vista Social Club.
- Prefiro viver o agora. Sempre. O amanhã a gente vê depois. Mas quero deixar claro que tenho energia "para rato" - ela diz, usando a expressão da língua espanhola que identifica que sua dedicação à música, felizmente, ainda vai durar muito tempo.
Show do Buena Vista Social Club
Quarta-feira, dia 13 de maio, às 21h.
Classificação etária: 12 anos.
Duração: 90 minutos.
No Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685), em Porto Alegre.
Ingressos: a R$ 130 (lateral em pé). Informações no Call Center: 4003-1212 (das 9h às 21h) e no site www.ingressorapido.com.br
Pontos de venda sem taxa: Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80),
das 14h às 22h, e no local do show (apenas amanhã, a partir das 14h).