É um exemplo distante, mas universal. Dois amigos suíços combinaram não reclamar de nada durante um mês, com o objetivo de melhor se aturarem no trabalho. A experiência foi tão bem-sucedida, que eles resolveram repeti-la no ano seguinte. No terceiro ano, convidaram outras pessoas para participar do projeto - e todos se sentiram tão felizes ao final do mês de jejum de queixas, que resolveram abrir ao público por meio de um site de compartilhamento. Quase 2 mil internautas se ligaram imediatamente na experiência, que consiste simplesmente em não se deixar afetar por contratempos e contrariedades.
- Reclamar é perda de tempo e de energia - argumenta Thierry Blancpain, um dos autores da ideia.
Pesquisas comportamentais mostram que durante uma conversa normal costumamos emitir uma queixa por minuto, por uma razão social bem conhecida: nada une mais as pessoas do que uma antipatia comum. Quando o motivo da lamentação são o governo e os políticos, então, uma população inteira é capaz de sair para as ruas. Queixar-se é da natureza humana. Só que tem um preço alto: quando nos queixamos, nosso cérebro libera hormônios do estresse que prejudicam as conexões neurais utilizadas na solução de problemas e na aquisição de conhecimento. É, portanto, um baita gol contra. Pior: ouvir lamentações de outras pessoas provoca o mesmo efeito negativo.
É difícil, mas dá para controlar isso. Uma das sugestões do grupo que deixou de reclamar e passou a se sentir melhor é incluir no processo de autocontrole o que eles chamam de "mas positivo". Quando a queixa escapar, emende com uma compensação agradável. "Eu não gosto desse trabalho, mas felizmente estou empregado". Sei lá se isso funciona, às vezes talvez fosse melhor procurar outro emprego.
Mas acredito que evitar queixas nos torna pessoas mais agradáveis - e isso já é motivo suficiente para fazer a experiência. Acredito também, como ensinou Buda, que nos tornamos aquilo que pensamos. Os resmunguentos podem se sentir cheios de razão, mas as pessoas acabam fugindo deles.