House of Cards is back! E com ela o cinismo e a maldade na forma do agora presidente Frank Underwood, criação de um dos grandes atores roliudianos, Kevin Spacey, que transforma um político sem escrúpulo em um grande personagem shakespeariano - fora o recurso nada shakespeariano de olhar para a câmera o tempo todo, claro.
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A primeira cena desta terceira temporada, que mostra Underwood homenageando o pai morto, já diz muito do que devemos esperar. As coisas não vão bem no reino da Dinamarca da Casa Branca. Frank vê seus índices de popularidade desabarem, seus parceiros do Partido Democrata começam a farejar sangue, e ele precisa de uma virada ou não deixará legado algum. E Frank pode não ter caráter, mas ele quer ter um legado.
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A mulher dele é má de doer. Que ela tem poder, não há dúvida. Que ela e Frank são iguais e se merecem, idem. Mas ele é presidente, e ela não quer ser a primeira-dama, um cargo absolutamente detestável para uma mulher dotada de senso crítico, e ainda mais para uma mulher como Claire Underwood, que sabe ser poderosa por meios próprios.
Frank e Claire são pessoas que não deveriam se dar muito bem, na linha de punição moral do cinema e da TV americanos. No começo da temporada eles parecem realmente estar diante do abismo. E, como aqui é Netflix, basta você reforçar o estoque de Polar e partir para o sofazão, para ver todos os episódios em sequência, se o mundo permitir.
A Netflix não inventou a maldade, mas deu US$ 100 milhões para Spacey e sua turma fazerem a sua série. O resultado catapultou a Netflix para o centro da disputa pelo novo público que não quer mais televisão e perdeu a paciência com o cinema. Esse público está firme aí, vendo House of Cards em uma TV ligada à internet. Se você estiver fazendo o mesmo, parabéns. Você, caro leitor, é um ser do século 21.