Deve haver um campo de força invisível que blinda o gênero de espionagem contra o humor na ficção. Apesar de toda a inverossimilhança do estereótipo do agente secreto cristalizado pelos filmes da franquia 007, poucas produções conseguiram, como o seriado Agente 86, fazer graça de verdade com James Bond et caterva.
Kingsman: Serviço Secreto (2014), em cartaz na Capital, está entre os que fracassaram na missão: a comédia de aventura, adaptada da história em quadrinhos escrita por Mark Millar e desenhada por Dave Gibbons, brinca com a imagem de sofisticação e fleuma dos espiões britânicos - mas as poucas piadas boas e as cenas de ação vertiginosas e violentas são insuficientes para salvar o longa da tolice e do aborrecimento.
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Dirigido pelo inglês Matthew Vaughn - de Kick-Ass: Quebrando Tudo (2010) e X-Men: Primeira Classe (2011) -, Kingsman é centrado em uma agência de espionagem sediada em Londres, cujos elegantes membros têm codinomes inspirados nos Cavaleiros da Távola Redonda e é chefiada pelo aristocrático Arthur (Michael Caine).
Na busca de sangue novo para a organização, o agente Harry Hart (Colin Firth) - apelidado Galahad - recruta Eggsy (Taron Egerton), jovem com problemas de disciplina à beira da marginalidade. Enquanto o rapaz passa por uma dura seleção ao lado de outros aspirantes, coordenada pelo mago da tecnologia Merlin (Mark Strong), Harry tenta impedir a ascensão do vilão Valentine (Samuel L. Jackson) - que obviamente pretende dominar o mundo.
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Firth está convincente na pele - e no terno bem cortado - do irrepreensível agente Harry. O oscarizado ator de O Discurso do Rei (2010), porém, não disfarça totalmente certo desconforto em participar dessa bobajada. Já Jackson está mais à vontade no papel do gênio do mal de língua presa e que não pode ver sangue.
Os diálogos entre Harry e Valentine lembram com saudade dos clichês dos "velhos filmes de Bond", e a bela e mortífera Gazelle - interpretada pela atriz argelina Sofia Boutella -, que tem um par de afiadíssimas lâminas no lugar dos pés, estão entre os poucos momentos memoráveis do filme. No entanto, dividido entre o riso e a ação, Kingsman fica no meio do caminho.
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Hart. Harry Hart.
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Roger Lerina
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