- Tu sabe onde anda a Aurora?
- Voltou pro país dela. Faz uns meses já.
- Ah, é? Foi fazer o quê?
- Estudar.
- O quê?
- Administração.
- Não tem como não lembrar dela, né? Sempre que vejo um suco de uva eu lembro dela, pelo nome. Qual o país dela?
- A Bolívia. Eu vou lá visitar ela nas minhas férias.
Onde eu ouvi essa conversa? Numa caixa do súper que eu frequento, poucos dias faz. Era entre a moça da caixa e um dos moços que fazem aquele apoio, desembaraçam coisas, recitam de cor o código de caixas de leite etc. Falavam de uma ex-colega, a boliviana de nome Aurora, como o suco de uva que eu comprava. Me peguei pensando na novidade da conversa: gente jovem, de extração social simples, que agora viaja e pensa no mundo de outro modo, mais aberto e mais promissor que antes. Coisa boa.
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Dias antes, uma amiga relatou cena recente de Montevidéu: jovens na rambla, fumando um cigarrinho de maconha e bebendo cerveja, fim de tarde, na paz. Chega um policial e educadamente adverte que não era permitido... beber cerveja ali. Que não se ofendessem os jovens, mas a lei era a lei. Mudança de paradigma é pouco para designar essa imensa novidade, que me parece auspiciosa.
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A terceira conversa não é ao vivo, e aliás nem é conversa. É só um alô: Nico, te cuida aí. Precisamos de ti pra continuar nos fazendo viajar para longe aqui perto.