
Hino de louvor ao país conhecido mundialmente, Aquarela do Brasil é um dos curiosos casos de música cuja fama supera a do próprio compositor. O espetáculo musical Ary Barroso - Do Princípio ao Fim, que estará em cartaz desta sexta-feira até domingo, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, é uma oportunidade para redescobrir o homem por trás do samba.
A homenagem vem em boa hora, já que no dia 7 de novembro serão lembrados seus 110 anos de nascimento. A peça conta os últimos dias da vida de Ary Barroso (1903 - 1964), quando é escolhido para ser tema do desfile de 1964 da escola de samba Império Serrano. Assim, o compositor relembra a criação de grandes sucessos, como Na Baixa do Sapateiro e Morena Boca de Ouro; a amizade com figuras como Carmen Miranda e Lamartine Babo; e o ambiente cultural da era de ouro do rádio, entre as décadas de 1930 e 40.
- Com Aquarela do Brasil, Ary sentiu que havia atingido o máximo em forma de poesia musical. Claro que suas outras composições ficaram meio reféns desse sucesso, mas nunca perderam seu enorme valor na MPB - afirma Diogo Vilela, que estreia como autor de texto.
Vilela dirige o espetáculo e interpreta o papel do compositor. Para se caracterizar de maneira fidedigna, conta que teve treinamento com uma fonoaudióloga:
- Por mais que eu tenha lido sobre ele, a voz me diria tudo.
Órfão aos sete anos, Ary Barroso foi criado pela avó e pela tia em Ubá (MG), onde nasceu. Mudou-se para o Rio aos 18 anos. Em 1922, começou a estudar Direito, curso que concluiu apenas em 1930. Trabalhou no rádio e na televisão, atuando também como locutor esportivo. Conta-se que, em seus programas de calouros, permitia que se cantasse apenas música brasileira. Ganhou fama de inflexível com os que discordavam de sua opinião.
- Ary era polêmico e gostava de ser ferino com o opositor. Era bom de briga com seus argumentos infalíveis e sempre lúcidos. Sua vaidade consistia apenas em querer o melhor para o Brasil, sendo exigente com nossa língua, querendo abolir a preguiça e a ignorância que sentia no atraso que havia naquela época - diz Vilela.
Ary Barroso - Do Princípio ao Fim
Sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 18h. Duração: 130 minutos (com intervalo).
No Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº), fone (51) 3227-5100, em Porto Alegre.
Onde estacionar: no Multipalco (entrada pela Riachuelo), a R$ 15.
Ingressos: R$ 30 (galeria), R$ 60 (camarote lateral), R$ 70 (camarote central e cadeira extra) e R$ 80 (plateia). Desconto de 10% para titular do Clube do Assinante. Venda antecipada pela telentrega Ingresso Show (51) 8401-0555 (sexta, das 9h às 19h) e na bilheteria do teatro (hoje, a partir das 13h; sábado e domingo, a partir das 15h).