Nesta sexta-fera à noite, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) colocará fim a um jejum de 10 anos sem levar ao público uma ópera na íntegra.
A última vez havia sido em 2002, com Madame Butterfly, de Puccini, sob regência de Ion Bressan.
Encerrando um ano lírico próspero na Capital, com cinco produções de diferentes orquestras, Cavalleria Rusticana será apresentada em versão de concerto, de sexta a domingo, no Theatro São Pedro. Cavalo de batalha do repertório operístico, a obra do compositor Pietro Mascagni (1863 - 1945) é representante do verismo, estilo que apareceu na ópera italiana no final do século 19, com enredos melodramáticos protagonizados por personagens da vida comum.
Eis a história de Cavalleria Rusticana, escrita em 1889: quando retorna do serviço militar e descobre que sua amada Lola está casada com Alfio, Turiddu se envolve com Santuzza, sem jamais esquecer a ex-mulher, com quem passa a se encontrar secretamente. Após descobrir a traição, Santuzza desabafa com Lucia, mãe do marido, e conta tudo para Alfio. O imbróglio termina em um duelo.
Os solistas do concerto serão a soprano Cláudia Riccitelli (Santuzza), o tenor Richard Bauer (Turiddu), o barítono Sebastião Teixeira (Alfio), a mezzo-soprano Luciane Botona (Mamma Lucia), a soprano Elisa Lopes (Lola, nas sessões de sexta e de domingo) e a mezzo-soprano Rose Carvalho (Lola, no sábado). Eles dividirão o palco com a orquestra e o coro. Regente convidado, o argentino radicado na Espanha, Enrique Ricci, observa:
- Em óperas representadas, o público, às vezes, presta mais atenção no teatro. Desta vez, a música será protagonista.
Tiago Flores, diretor artístico da Ospa, nega que a escolha pelo formato de concerto tenha motivação econômica. O principal impeditivo para a realização de uma ópera encenada, segundo Flores, é a falta de um espaço apropriado para grandes produções do gênero em Porto Alegre:
- O tamanho do fosso para orquestra do Theatro São Pedro permite representar apenas óperas de pequeno porte. No caso da Cavalleria Rusticana, ou fazemos em formato de concerto, ou não fazemos.
Nova sala sinfônica prevista para 2014
Depois da temporada 2012, a Ospa deixará o Armazém A3 do Cais do Porto - onde ensaia desde março de 2010 - devido às obras de revitalização da orla. A partir de março de 2013, até a inauguração da Sala Sinfônica da Ospa, os músicos ensaiarão em um salão no térreo do Centro Administrativo do Estado. De acordo com o secretário de Estado da Cultura, Luiz Antonio de Assis Brasil, o edital para a construção do prédio da Sala Sinfônica, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, será lançado até dezembro. A obra está, atualmente, na segunda e última etapa das fundações - a preparação do terreno. Segundo o secretário, a inauguração está prevista para a metade de 2014.
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