Em Gonzaga - De Pai pra Filho, a narrativa gira em torno da vida de Luiz Gonzaga (1912 - 1989). O filme que entrou em cartaz ontem em cerca de 400 salas do país celebra no cinema o centenário de nascimento do Rei do Baião. No entanto, na cinebiografia de Gonzagão, quem rouba a cena é Gonzaguinha - encarnado com impressionante semelhança e talento pelo ator porto-alegrense Júlio Andrade.
O filme de Breno Silveira - diretor dos longas 2 Filhos de Francisco (2005) e À Beira do Caminho (2012) - traça a trajetória do sanfoneiro pernambucano considerado o primeiro astro pop da música brasileira. Da origem humilde em Exu até o retorno ao sucesso no fim da vida, Gonzaga - De Pai pra Filho mostra a luta, os amores, os êxitos e os fracassos do músico que imortalizou canções como Baião, Juazeiro e Asa Branca. O eixo da história é o amargo reencontro de Luiz Gonzaga com o filho, em 1981.
Gonzaguinha (1945 - 1991), então no auge da fama, é chamado pela madrasta para socorrer o pai, na época esquecido pelo público e passando por dificuldades financeiras. Enjeitado desde a infância por Gonzagão, que desconfiava não ser o pai biológico de Gonzaguinha, o autor de Explode Coração confronta o sanfoneiro - e o Rei do Baião decide contar sua história para o filho, que grava as lembranças em fitas cassete.
Para interpretar Luiz Gonzaga em diferentes épocas, o cineasta escolheu três rostos desconhecidos do público, depois de um longo processo de seleção: Land Vieira, Chambinho do Acordeon e Adélio Lima. Para viver Gonzaguinha, porém, não foram necessários testes.
- O Júlio entrou e simplesmente era um sósia, vestido de branco, com uma peruca e violão. Primeiro, pediu para fumar, depois, pediu para cantar. Depois que eu vi ele atuando, dispensei todos os outros candidatos ao papel - confessou Breno em entrevista a Zero Hora.
Radicado atualmente em São Paulo, Júlio Andrade, 31 anos, começou a carreira de ator em Porto Alegre, destacando-se em produções do grupo Depósito de Teatro e mostrando versatilidade e talento cômico nas várias edições da Bagasexta - mistura de festa e espetáculo de variedades. Na TV, ganhou projeção nacional encarnando o mordomo gay Arthurzinho na novela Passione (2010). Fã de Gonzaguinha desde guri, Julinho encara o papel como o cantor e compositor em Gonzaga - De Pai pra Filho como uma bênção:
- Gonzaguinha sempre foi meu ídolo maior. Tinha uma época até em que eu era bitolado, só escutava Gonzaguinha.
Falando a ZH, o ator lembrou a origem de sua ligação com o músico:
- A primeira memória que tenho é do meu pai cantando a capela no carro: "Um homem também chora, menina morena". Eu ficava olhando aquele cara cantando isso com o braço e o pescoço arrepiados. Com o tempo, fui entendo aquela música e arrepiando também.
Júlio Andrade já viveu outro grande artista na tela: Raul Seixas, no especial televisivo Por Toda a Minha Vida, em 2009. Mas sua excepcional caracterização em Gonzaga - De Pai pra Filho ultrapassou a mera competência interpretativa.
- Não é uma imitação. Queria mostrar esse Gonzaguinha que está lá atrás, desde a infância. A preparação para esse filme começou quando eu tinha oito anos. Não sou místico, mas não sei se isso já não estava escrito antes, viu?
Gonzagão & Gonzaguinha
"Gonzaga - De Pai pra Filho" estreia neste final de semana em Porto Alegre
Longa do diretor Breno Silveira conta a história do Rei do Baião com o ator gaúcho Júlio Andrade
Roger Lerina
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