
Diretor de relevância no cenário nacional desde os anos 1970, o cearense radicado no Rio Aderbal Freire-Filho, que completará 71 anos na terça-feira, trará, ao 7º Festival Palco Giratório Sesc, na Capital, a peça Depois do Filme.
Escrita, dirigida e estrelada por ele (que volta a atuar no teatro depois de uma década), a peça retoma o personagem Ulisses, que Freire-Filho interpretou no longa Juventude (2008), de Domingos Oliveira, atuando, na ocasião, ao lado de Paulo José e do próprio cineasta.
As apresentações do monólogo serão no sábado e no domingo, às 18h, na sala Álvaro Moreyra.
Zero Hora - O que mudou em Ulisses do filme para o espetáculo?
Aderbal Freire-Filho - Ele era o personagem, digamos, malsucedido entre os três. Na peça, misturei um pouco o Ulisses do filme com outros dados para fazer um personagem nascido daquele - ou aquele mesmo personagem, valorizando outros aspectos. Ele se desilude com o que vem fazendo. No começo da peça, deixa tudo - casa, trabalho - para tentar encontrar algum sentido. Pensa que não adianta mais esperar por nada e, por outro lado, não se leva a sério. O personagem tem um pouco de humor por causa disso.
ZH - Quais os artistas de gerações posteriores a sua que o senhor admira?
Freire-Filho - Às vezes, entre mais jovens, há um teatro velho, e entre os velhos, um teatro jovem (risos). O importante é a postura. Ouvi do diretor uruguaio Atahualpa del Cioppo (1904 - 1993) que todo teatro é experimental ou deveria ser. Conheço muitos artistas que fazem isso no Brasil, como o Enrique Diaz, o Felipe Hirsch, a Christiane Jatahy. Tem muita gente jovem fazendo teatro novo. E muita gente jovem fazendo teatro velho também.
ZH - Qual é o lugar do teatro no tempo das mídias digitais?
Freire-Filho - O teatro não sairá do lugar que sempre ocupou. O cinema foi muito mais vitimado pelas mudanças de mídias e tecnologias. Então, muda o lugar do teatro na sociedade. O teatro tem perdido muito público, aí muda do ponto de vista comercial. As peças já não dependem das bilheterias. Essas mídias oferecem a possibilidade de se repensar, de descobrir uma poética própria e, portanto, de viver paradoxos. Enquanto decresce como mercado, o teatro cresce como arte.
ZH - Como está a crítica teatral no Brasil?
Freire-Filho - A crítica é muito necessária. Quando vejo críticos como Georges Banu, na França, e sua ligação com o trabalho do Peter Brook e com outros artistas que ele critica - mas se envolvendo com conhecimento da poética e da linguagem -, lembro da importância, do valor da crítica. No Brasil, com exceções, não vejo críticos desse porte. Vejo críticas superelogiosas desses musicais, dizendo que já sabemos fazê-los. É uma reverência provinciana ao entretenimento americano dos anos 1950. É um horror que consideremos isso um ganho para o teatro brasileiro. Que exista esse entretenimento, que ele seja bem feito e melhore, é maravilhoso - tem lugar para tudo. Agora, que isso interesse à crítica desse jeito, confirma o que acho de uma certa crítica que se faz no Rio e em São Paulo, que é uma resenha velha do entretenimento.
Programe-se
Ingressos:
> R$ 20 (R$ 10 para estudantes, idosos e classe artística e R$ 5 para comerciários e dependentes).
> Estão esgotados os ingressos para os espetáculos As Grandes Cidades sob a Lua (5 e 6 de maio) e Ode ao Progresso (7 de maio), ambos do grupo Odin Teatret (Dinamarca).
Onde comprar:
> Sesc Centro (Alberto Bins, 665), em Porto Alegre, de segunda a sexta, das 8h às 19h45min (até o meio-dia para as apresentações do dia). Pagamento em dinheiro, cheque à vista, cartão de débito ou crédito (Visa, Mastercard e Amex)
> Na bilheteria do local de cada apresentação, ingressos disponíveis uma hora antes do início da sessão, caso ainda haja disponibilidade. Pagamento apenas em dinheiro.
Os ingressos para o espetáculo Breves Entrevistas com Homens Hediondos (de 4 a 27 de maio, de sextas a domingos, às 20h, no Teatro de Arena) serão vendidos apenas nos dias e no local das apresentações.
> As senhas para os espetáculos com entrada franca serão distribuídas uma hora antes do início da apresentação, no local e no dia marcados.
> O acesso a espetáculos em escolas públicas requer agendamento prévio.
> Palestras, debates e filmes têm entrada gratuita por ordem de chegada (as portas serão abertas 30 minutos antes do início de cada atividade), exceto para a palestra com Eugenio Barba, no dia 8 de maio, às 20h, no Teatro Sesc, com distribuição de senhas no local, uma hora antes do início.