
Ya, ya, ya, ya, ya. Foram as últimas palavras escutadas antes de, a partir das 21h25min, um descontrole tomar conta do Pepsi On Stage, em Porto Alegre, nesta terça-feira (11). Foi como uma explosão. Roda punk, gente pulando, tirando a camiseta, jogando bebida para o alto. Um caos. Mas era tudo o que a multidão queria.
Era o início do show do The Offspring. Após o vocalista e guitarrista da banda, Dexter Holland, entoar o início de All I Want, o público extravasou. Era a nostalgia falando, era uma convocação do punk rock.
Com duração de uma hora e 20 minutos, o Offspring fez um show relativamente acelerado não só pelas músicas. Porém, aproveitou o tempo e jogou para a torcida — cinco mil pessoas, conforme informações da assessoria de imprensa da apresentação —, preenchendo cada segundo com hits.
Antes do Offspring subir ao palco, a abertura ficou por conta do The Warning. Formado por um trio de irmãs mexicanas — Daniela (vocal principal e guitarra), Paulina (bateria e voz) e Alejandra Villarreal (baixo e voz) — e na ativa desde 2013, o grupo se notabiliza por um hard rock moderno e contundente que ganhou a plateia.
Pelo Pepsi, havia fãs entusiasmados das mexicanas, que trouxeram balões vermelhos e pretos, além de puxarem coro de “olê, olê, olê, olê, Warning, Warning”.
Quarta vez no RS
Foi a quarta vinda do Offspring ao Estado. Antes, a banda se apresentou em Porto Alegre, no Gigantinho, em 2004, e no no Pepsi On Stage em 2008, além de ter sido atração do Planeta Atlântida 2014, em Xangri-lá.
Desta vez, o grupo visitou a capital gaúcha com a Supercharged Worldwide in '25. Era a última parada brasileira da turnê, que antes passou por Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba.
Em tese, a turnê tem como base o álbum Supercharged, que foi lançado no ano passado. Mas, desse álbum, duas músicas entraram no setlist: Make It All Right e Come to Brazil.
Aliás, Come to Brazil foi recebida com animação pelos presentes. Com uma letra bobinha, a faixa é uma curiosa carta de amor do Offspring ao país, ao mesmo tempo que brinca com os pedidos incessantes de fãs brasileiros para bandas estrangeiras viajarem para cá: "You'll love the beaches, you'll love the thongs/ From the Corcovado to the Amazon/ And the caipirinhas, indeed, you'll swill/ When you come to Brazil”.
Mais de 40 anos de estrada
No palco, a banda defendeu mais de 40 anos de estrada, sendo que no começo se chamava Manic Subsidal. Além de Dexter, hoje o Offspring se apresenta com Noodles (guitarra), Todd Morse (baixo), Brandon Pertzborn (bateria) e Jonah Nimoy (percussão e guitarra).
Entre o público, predominava a faixa etária entre 30 e 40 anos, sendo que 95% vestia camiseta preta. Um pessoal que, possivelmente, cresceu com a banda estourada entre os anos 1990 e 2000, assistindo aos clipes na MTV e ouvindo Pretty Fly (for a White Guy) e Hit That exaustivamente nas rádios FMs.
Fãs que talvez, em algum momento, tenham usado boné trucker, aderido ao cinto com rebite, calçado tênis Reef, vestido camiseta Fido Dido e, quem sabe, entrado em uma sala de bate-papo e chamado por alguém com: “Oi, quer tc?”.
Depois da já citada abertura com All I Want, a apresentação seguiu com a pancada de Come Out and Play, onde o público entoando os riffs. Na sequência, Want You Bad fez o Pepsi cantarolar o refrão ("I want you/ All tattooed/ I want you bad"). Após a primeira trinca de músicas, a banda saudou a plateia. Dexter arriscou um cumprimento em português:
— E aí, Porto Alegre?
Em inglês, Noodles elogiou a beleza do público:
— Vocês são bonitos!
Aliás, nas interações ao longo do show, havia muita piada entre os integrantes e sobravam elogios à plateia. Ou até brincadeiras lúdicas, como quando Noodles incentivou o público a gritar “fuck yeah” o mais longamente possível.
A banda também investiu na pirotecnia, com muitas explosões de serpentina, papel picado e até distribuição de bolas infláveis.
Staring at the Sun e Mota mantiveram as rodas punks girando, enquanto Hit That e Original Prankster colocaram o público para pular.
Houve um momento que o show virou um bailão de covers, com trechos de Smoke on the Water (do Deep Purple), Iron Man (Black Sabbath), Back in Black (AC/DC) e até a versão da banda para In the Hall of the Mountain King (composta por Edvard Grieg em 1875, que você pode não reconhecer de nome, mas já ouviu em filmes e desenhos animados).
Tudo culminou na essencial Blitzkrieg Bop, dos Ramones, fazendo o público gritar “Hey! Ho! Let’s go!” e retomar o mosh, mantido na sequência com Bad Habit.

Posteriormente, Gotta Get Away atiçou a plateia, encerrando com um celebrado solo de bateria de Brandon.
Depois da farofada de Why Don't You Get a Job? — aliás, houve aqui outro momento insolitamente lúdico show, quando grandes bolas infláveis foram jogadas ao público —, veio a enérgica (Can't Get My) Head Around You para bagunçar tudo novamente.
Em seguida, a radiofônica Pretty Fly (for a White Guy) balançou o Pepsi, com a plateia cantando inteira, inclusive assumindo o vocal na parte mais falada da música.
Só que, na sequência, nova explosão com The Kids Aren't Alright. Parecia o começo. Muitos copos jogados para cima, muitos coros de “ôôôô”, gente tirando a camisa. Um caos aguardado.
No bis, You're Gonna Go Far, Kid fez o Pepsi girar o mosh mais uma vez. Self Esteem, por fim, fechou a apresentação com uma nostalgia catártica — assim como talvez se possa resumir o show.