Perto da 1h da manhã deste domingo (5), o Planeta Atlântida virou micareta. Ivete Sangalo subiu mais uma vez ao palco do festival cantando Cria da Ivete, presente no seu recém-lançado EP, Chega Mais. Performando uma coreografia estilo TikTok, a diva baiana botou os planetários para pular e rebolar com o refrão "Papá parará / Papá parará / Tem gente que senta pra beber / Aqui nós bebe pra sentar".
Bebendo ou não, sentado ninguém ficou. Nem mesmo quem aguardava Veveta aparecer no palco assim, sentado, recuperando-se da maratona de shows até ali. Tão logo o nome de mainha foi anunciado, a correria para ficar o mais próximo possível da grade começou no camarote. Todos queriam sentir de perto a energia de Ivete Sangalo.
— Ela é braba! — concluiu um planetário que conseguiu atingir o objetivo.
Na grade ou em qualquer outro canto, o público pulou sem parar ao som de Tempo de Alegria. E em Abalou. E especialmente em Sorte Grande (Poeira). A música, uma das mais clássicas do repertório da baiana, ganhou uma nova versão, intercalada com um beat de funk que avisava "Ivete Sangalo vai fazer você tremer". O chão tremeu no camarote.
Aliás, foram raros os momentos sem abalos sísmicos na Saba. Ivete Sangalo é um verdadeiro terremoto.
— Pula, caralh* — ordenou mainha, emendando Festa e Acelera Aê.
A sequência de saltos deu uma pausa com Tá Solteira, Mas Não Tá Sozinha, parceria de Ivete com o Harmonia do Samba. Um axé mais cadenciado, a música convocou o molejo da cintura dos planetários. Um alívio para os joelhos, que a essa altura, depois de tanto pular, já deviam estar pedindo socorro.
Não poderia ser diferente. É a volta do Planeta Atlântida, a volta de Ivete Sangalo à Saba. Os joelhos que lutem, porque Veveta não estava nem perto de parar.
— Meu deus, graças a Deus nos encontramos de novo depois desse tempo doido, difícil. O Planeta é a minha casa. Eu não sou Ivete Sangalo, eu sou Ivetchê Sangalo — celebrou, arrancando gritos dos planetários.
Evocando a fé das religiões de matriz africana, Ivete interpretou Muito Obrigado, Axé, que traz na letra uma homenagem a Ogum, o orixá guerreiro. No refrão "Joga as armas pra lá / Joga, joga as armas pra lá", aproveitou para dar um recado de tom político:
— Joguem as armas para lá. A gente não precisa delas.
O setlist seguiu com a recente Rua da Saudade, de 2022, e Me Abraça, que retoma os tempos de Banda Eva. O bloco nostálgico ao grupo que projetou Ivete teve continuidade com Beleza Rara. Felizes, os planetários cantaram: "Hoje sou feliz e canto / Só por causa de você". No caso, por causa de Ivete.
O retorno ao repertório solo veio com Dançando, A Galera e Céu da Boca. Nos versos "E aí, chupa toda / Disse toda / Chupa toda / Disse toda" teve planetário cantando e apontando para os amigos, legalizando a zueira.
A coisa ficou um pouco mais séria quando Ivete pegou o violão para cantar a apocalíptica Pequena Eva. Foi acompanhada por um coro que ecoou pela Saba, garantindo um dos momentos mais bonitos do show — quiçá do Planeta 2023. Se o mundo acabasse ali, todos embarcariam felizes na última astronave.
Ela deve ir direto para Salvador, onde Ivete disse estar esperando os planetários para curtir a folia daqui a duas semanas.
— Quem for passar o Carnaval em Salvador fica lá em casa. Já vou deixar toalha separada, sabonete — brincou.
Ainda no clima de Carnaval, Veveta cantou de novo Cria da Ivete, que havia aberto o show. Avisando que não é boba nem nada, ensinou a letra e também a coreografia, requisito praticamente obrigatório para fazer uma canção viralizar hoje em dia.
A música é a aposta da cantora para a folia que se aproxima. Foi com ela que Ivete se despediu de suas crias no Planeta Atlântida 2023.