Boa parte da força da literatura do escritor espanhol Javier Marías vem da tensão em seus romances entre a forma – labiríntica, suntuosa, com frases longas que parecem construídas por um narrador que vai pensando nos detalhes enquanto os descreve – e seu tema, normalmente girando em torno dos efeitos do desconhecimento e do mistério. No início de seu romance mais conhecido, por exemplo, Seu Rosto Amanhã, o narrador afirma que “Ninguém nunca deveria contar nada, nem fornecer dados nem veicular histórias”. E, na sequência, desenrola uma história de mais de mil páginas sobre um círculo de espiões e traições que é também um estudo psicológico aprofundado.
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