Michael Sandel é frequentemente apresentado como um “popstar” da filosofia. E o título não diz respeito apenas à popularidade de seus livros, que já foram traduzidos em mais de 30 idiomas. Professor da Harvard, o americano consegue transformar discussões densas em conferências tão envolventes e instigantes, quanto a apresentação de um astro da música.
O filósofo político estará em Porto Alegre no dia 9 de agosto, para conversar com o público e divulgar a edição brasileira de “O Descontentamento da Democracia: Uma nova abordagem para tempos periculosos”. O livro examina os motivos pelos quais a democracia tem se fragilizado nas últimas décadas nos Estados Unidos, processo que se repete em muitos outros países.
A conferência será realizada a partir das 20h, na Casa da Ospa. Os últimos ingressos podem ser adquiridos em www.fronteiras.com (participantes da temporada do Fronteiras do Pensamento já têm seu acesso garantido).
Quando está diante de uma plateia, Sandel não se limita ao tradicional posto de palestrante. Ao contrário, questiona e ouve a plateia, estimulando a reflexão e o compartilhamento de ideias. É uma postura de quem acredita que a democracia se fortalece a partir do diálogo e do debate cotidiano.
A seguir, listamos três ideias de Sandel que demonstram o quanto a postura individual dos cidadãos no dia a dia pode influenciar o debate público e a democracia.
1) Esquivar-se da moral é esquivar-se do debate
Sandel acredita que é um equívoco esquivar-se ou ignorar convicções morais e religiosas ao discutir sobre a vida em sociedade. O filósofo afirma que essa postura é erroneamente motivada pelo receio de que o debate escorregue para a intolerância e a coerção. Ele defende um percurso contrário: “Um caminho melhor para o respeito mútuo é engajar-se diretamente com as convicções morais que os cidadãos trazem à vida pública, em vez de exigir que as pessoas abandonem suas convicções morais mais profundas do lado de fora da política. Essa é uma maneira de começar a restaurar a arte da discussão democrática”.
Para Sandel, questões que se tornaram polêmicas em algum momento, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo, guardam em seu cerne perguntas como “o que é um casamento?” ou “para que serve um casamento?”. As respostas para essas perguntas muitas vezes são carregadas de influência moral e religiosa. No entanto, deixar de discuti-las faz com o debate se torne ainda mais confuso e mais distante de um acordo firme e respeitoso.
2) Não acredite que o mérito é só seu
Um dos livros mais badalados de Michael Sandel é “A Tirania do Mérito”, que coloca em xeque a meritocracia como fator de organização e hierarquização econômica e social. O filósofo argumenta que a meritocracia raramente é problematizada em nossa sociedade, tanto entre os conservadores, quanto entre os liberais. A discordância entre os grupos não costuma ser a respeito da “meritocracia em si, mas sobre como alcançá-la”.
Como exemplo, Sandel aponta que os conservadores consideram políticas de ação afirmativa em concursos de admissão em universidades como “uma traição à admissão baseada no mérito”. Por sua vez, “os liberais defendem as ações afirmativas como forma de remediar a injustiça persistente e argumentam que uma verdadeira meritocracia só pode ser alcançada nivelando o campo de jogo entre privilegiados e desfavorecidos”.
Essa polarização, no entanto, ainda oportuniza que pessoas privilegiadas creditem seu sucesso exclusivamente a um esforço pessoal. Sandel afirma que essa crença fundamenta uma “arrogância meritocrática” que impede o indivíduo de perceber, por exemplo, que formar um profissional no ensino superior é resultado de um esforço conjunto da sociedade, e não o fruto de uma iniciativa individual. Dessa forma, o indivíduo observa seu sucesso como um ponto isolado, e não como uma linha dentro uma trama complexa de esforços coletivos, atitude que fragiliza o senso de comunidade e, por consequência, o espírito democrático.
3) Fortaleça o debate público – fora das redes
Nos últimos anos, Michael Sandel vem alertando leitores ao redor do mundo para a necessidade do fortalecimento dos espaços de debate público. E as redes sociais não são necessariamente os melhores fóruns para esse tipo de discussão – pelo menos não do modo como funcionam atualmente.
O filósofo aponta que há pouca discussão verdadeira nesses espaços virtuais, ocupados por “guerras culturais” que não promovem acordos, mas geram ainda maior polarização. Em uma entrevista recente ao El País, Sandel afirmou que “precisamos desafiar a maneira como as mídias sociais funcionam e criar plataformas para conversas públicas que não aceitem simplesmente o modelo de negócios baseado em anúncios das empresas de tecnologia. Um modelo de negócios que não dependa da permanência das pessoas no mundo online o maior tempo possível, para que possam coletar cada vez mais dados pessoais e vender coisas aos usuários, reforçando o ciclo de consumismo. É antitético para o tipo de conversa pública de que precisamos”.
SERVIÇO
Michael Sandel em Porto Alegre
- Dia 9 de agosto, às 20h, na Casa da Ospa
- Inscrições: www.fronteiras.com
- Informações: relacionamento@fronteiras.com
- WhatsApp: (11) 93775-5752
Desconto especial para o Clube do Assinante
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