Jota é um garoto que experimenta andar de bicicleta sem rodinhas e sofre uma queda. Por causa disso, seus pais resolvem vender a bicicleta danificada para uma loja de consertos, onde mais tarde Jota a reencontra.
Nesse lugar, o garoto descobre inúmeros objetos considerados estragados mas que, na verdade, querem ter outra função: um par de botas que deseja se transformar em um vaso de flor, uma tesoura que quer sair passeando pelo mundo e assim por diante.
Essa é a história do espetáculo infantil Para que Servem as Coisas?, do coletivo Cena Expandida, que estreia nesta sexta (12) em Porto Alegre na Sala Álvaro Moreira (Av. Erico Verissimo, 307). É o segundo trabalho do Cena Expandida, que apareceu em 2014 com a montagem adulta No que Você Está Pensando?. A proposta do grupo é integrar teatro e audiovisual, as especialidades de suas diretoras, Tainah Dadda e Thais Fernandes, respectivamente.
Na peça que estreia nesta sexta (12), o ator Eduardo D’Ávila é o narrador e também representa personagens como Jota, mas todos os objetos com os quais ele interage são mostrados por meio da tecnologia de projeção mapeada, que permite “aplicar” vídeos em superfícies específicas do cenário.
Adeus aos rótulos
A curiosidade é que os objetos animados em vídeo por Thais partem de desenhos em papel elaborados por crianças de escolas municipais de Canoas. Antes de criar o espetáculo, as diretoras do coletivo convidaram a contadora de histórias Bárbara Catarina para narrar aos pequenos o argumento central do roteiro, a partir do qual as próprias crianças inventaram os objetos que desejam ser outra coisa. Thais explica que a ideia da peça é questionar as "caixinhas" e rótulos aos quais as pessoas costumam ser reduzidas:
— Podemos querer ser outra coisa, mudar de ideia e continuar nos relacionando com o mundo. Eu mesma trabalho para cinema, televisão, mais isso e aquilo. Os mais velhos diziam para nos decidirmos entre uma coisa e outra, mas acho que essa ideia está mudando hoje.
Tainah, que assina a direção geral com Thais, acrescenta:
— Queremos trazer um debate sobre diversidade, aceitação das diferenças, tolerância. Quando o espetáculo estreou em Canoas, no ano passado, teve uma interpretação inesperada mas bem-vinda, envolvendo as ideias de reciclagem e reaproveitamento.