
Karla Sofía Gascón, indicada ao Oscar de Melhor Atriz pela atuação em Emilia Pérez, voltou a causar polêmica. Em um evento em Madri, na Espanha, nesta quinta-feira (20), a atriz se descreveu como "menos racista que Gandhi", referindo-se ao líder independentista indiano Mahatma Gandhi.
A declaração ocorreu durante a promoção de seu livro Lo que queda de mí (O que sobrou de mim, em tradução literal), no qual aborda as controvérsias envolvendo seu nome nos últimos meses.
— Sou menos racista do que Gandhi e menos do que o Vox (partido de extrema direita espanhol) que Echenique (ex-eurodeputado) — disse.
A atriz ainda afirmou que ninguém tem que a perdoar por nada.
— Se alguém se sentiu ofendido por coisas que posso ter feito em minha vida, que venha até mim e me diga — complementou.
A atriz foi afastada da campanha do filme Emilia Pérez para o Oscar após virem à tona publicações feitas por ela entre 2020 e 2021 no X (antigo Twitter), com teor considerado racista e xenofóbico.
"Houve uma campanha contra mim"
Ao comentar sobre as críticas, Karla afirmou que foi vítima de um "massacre nas redes sociais".
— Está claro que houve uma campanha contra mim e que eles continuaram até conseguirem o que queriam — declarou.
Ela ainda negou ser de extrema-direita e disse que sempre lutou contra o preconceito.
— Disseram que sou de extrema-direita ou racista, ou qualquer coisa do tipo. Em toda a minha vida, eu fui contra tudo isso. Quando era jovem, costumava brigar com skinheads — disse.
Sobre a polêmica envolvendo suas postagens antigas, Karla afirmou que respeita a religião muçulmana, mas condena "atos de fanatismo, terrorismo e todas as coisas horríveis feitas em nome de Deus ou religião". Questionada sobre algum arrependimento, a atriz disse:
— A vida sempre nos coloca em lugares difíceis para podermos aprender. E você sempre aprende com os erros.
Posts antigos de Karla Sofía Gascón
Em janeiro, durante a campanha para o Oscar, foram identificadas diversas publicações antigas da atriz no X. Pela polêmica, a atriz desativou a conta na rede social e limitou os comentários em sua conta do Instagram.
Entre os temas, havia comentários preconceituosos sobre islamismo, muçulmanos, asiáticos, negros e o caso George Floyd, vacina da covid-19. Ela também mencionou personalidades como Adele e BTS.

Sobre a morte de George Floyd, em 2020, por exemplo, caso que ganhou repercussão mundial e ampliou o debate sobre violência policial nos Estados Unidos, a atriz declarou:
"Eu realmente acho que pouquíssimas pessoas se importaram com George Floyd, um vigarista viciado em drogas, mas sua morte serviu para demonstrar mais uma vez que há pessoas que ainda consideram os negros como macacos sem direitos e consideram os policiais como assassinos".
Ela também ironizou a cultura islâmica em um post de 2020. Karla publicou uma foto de uma família muçulmana e comentou:
"O Islã é maravilhoso, sem nenhum machismo. As mulheres são respeitadas, tão respeitadas que possuem um buraquinho quadrado no rosto para que os olhos e a boca fiquem visíveis, mas só se ela se comportar. Embora se vistam assim para seu próprio prazer. Quão profundamente repugnante para a humanidade".
Sobrou também para a própria Academia de Artes e Cinemas Cinematográficas, responsável pelas indicações ao Oscar, que recebeu uma crítica da atriz na edição de 2021:
"Cada vez mais o Oscar parece uma cerimônia de filmes independentes e de protesto. Eu não sabia se estava assistindo a um festival afro-coreano, a uma manifestação do Black Lives Matter ou ao 8M", escreveu.
Até Selena Gomez, colega dela em Emilia Pérez, já havia sido alvo de comentários. Karla mencionou uma suposta inimizade entre a atriz e Hailey Bieber. Selena foi chamada de "rata rica que se faz de pobre coitada sempre que pode".