Astros e estrelas se reunirão no domingo (7) em Beverly Hills para reverenciar os melhores do cinema e da televisão. Com transmissão a partir das 23h no Brasil, a cerimônia do Globo de Ouro promete ser marcada por manifestações contra os escândalos de assédio sexual no meio artístico.
Desde que as denúncias envolvendo o antes poderoso produtor Harvey Weinstein tomaram conta de Hollywood, o Globo de Ouro será a primeira vitrine pós-acontecimento para que as grandes estrelas levantem suas vozes contra a cultura do assédio e abuso de poder.
— O dilúvio de revelações de conduta sexual inapropriada foi a história do ano, de modo que é fácil prever qual será a história da noite. Influenciará em tudo, do monólogo de Seth Meyers aos discursos emocionados de aceitação de prêmios — disse à AFP Debra Birnbaum, editora de televisão na revista especializada Variety.
E embora o Globo de Ouro não seja considerado um termômetro para o Oscar — porque não é concedido pela indústria do cinema, mas pela Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood —, ainda assim se trata de uma noite estimada.
O tapete vermelho por onde passam as celebridades virou uma passarela de vestidos e smokings extravagantes. Esse ano, porém, espera-se que parte dos astros apareçam de preto em solidariedade às vítimas de Weinstein e dos demais acusados de assédio, como Kevin Spacey, Brett Ratner, Dustin Hoffman e James Toback.
Del Toro, o mais indicado
O filme A Forma da Água, do mexicano Guillermo del Toro, recebeu o maior número de indicações, sete no total, seguido por The Post - a Guerra Secreta e Três Anúncios para um Crime — ambos indicados seis vezes. Vencedor do Leão de Ouro em Veneza, A Forma da Água conta a história de amor entre uma zeladora e um anfíbio mantido em um tanque de água em uma instalação militar dos Estados Unidos. A estimativa é que o filme ganhe três estatuetas, incluindo a de melhor diretor para Del Toro, que ganhou três Oscar em 2007 com O Labirinto do Fauno.
A crítica interpretou que as indicações para o drama de Ridley Scott, intitulado Todo o Dinheiro do Mundo, demonstram um apoio implícito à campanha contra o assédio sexual em Hollywood. Scott, indicado ao prêmio de melhor diretor, descartou e filmou de novo, de última hora, todas as cenas de Kevin Spacey, substituído pelo ator veterano Christopher Plummer (A Noviça Rebelde), indicado a melhor ator coadjuvante. Michelle Williams também recebeu uma indicação a melhor atriz.
— Plummer é um ganhador lógico pela impressionante façanha de assumir este papel emocionalmente exigente de última hora com 87 anos — escreveu Daniel Montgomery, editor de Gold Derby.
No contexto de luta das mulheres para ganhar reconhecimento e dissipar o machismo na indústria cinematográfica, foi uma surpresa que nenhuma diretora tenha sido indicada — apesar do grande ano que tiveram Greta Gerwig (Lady Bird - A Hora de Voar), Patty Jenkins (Mulher-Maravilha), Dee Rees (Mudbound - Lágrimas Sobre o Mississipi), Kathryn Bigelow (Detroit em Rebelião) e Sofia Coppola (O Estranho que Nós Amamos).
Ainda as mulheres
O longa chileno Uma Mulher Fantástica, do diretor Sebastián Lelio, está indicado a melhor filme estrangeiro. Protagonizado pela transexual Daniela Vega, o filme, aclamado pela crítica, conta a história de uma mulher trans que enfrenta a morte de seu companheiro em meio a preconceitos e violência. As previsões dão como vencedor, porém, o sueco The Square, com Elisabeth Moss.
Na televisão, a série da HBO Big Little Lies lidera as indicações, com seis, seguida por Feud: Bette and Joan, com quatro, e The Handmaid's Tale, Fargo, e This Is Us, com três.
Amanda Spears, de Gold Derby, estimou que o escândalo sexual poderia impulsar um prêmio para Shailene Woodley de melhor atriz coadjuvante por seu papel em Big Little Lies, em que interpreta uma mãe solteira criando um filho fruto de um estupro.
— Através do cinema e a televisão, existe a oportunidade de premiar papéis de mulheres fortes, poderosas e convincentes além de simplesmente suas relações com os homens —disse Debra Birnbaum.
