Gênero praticado com desenvoltura nas letras por gigantes como J.M. Coetzee e Enrique Vila-Matas (sem falar do fenômeno pop Karl Ove Knausgard), a autoficção não é uma vertente tão frequente no cinema. Vem desse fato a primeira curiosidade sobre Amor, Paris, Cinema, dirigido e estrelado pelo francês Arnaud Viard. Apesar de ser de 2015, o filme está em cartaz em Porto Alegre (veja horários e salas no roteiro), e o constrangedor título nacional não ajuda muito a apresentar sua essência – o original, mais apropriadamente, é Arnaud Fait Son Deuxième Film (“Arnaud Faz seu Segundo Filme”). Embora fale, sim, de amor, de cinema e tenha um pouco de Paris, o que há de interessante no filme de Viard é o modo como cruza a tradição do "filme sobre cinema", de Fellini e da Nouvelle Vague até Woody Allen, com elementos de sua própria biografia. Com tempo para abraçar e brincar com alguns clichês da comédia romântica no processo.
Comédia da vida pública
Filme francês "Amor, Paris, Cinema" é autoficção na tela
Ator e diretor Arnaud Viard filma comédia sobre diretor em crise inspirada na própria vida e estrelada por ele próprio
Carlos André Moreira
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