Depois de sete anos, a Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, voltou a receber o público na manhã desta sexta-feira (28). O prédio receberá a 14ª Bienal do Mercosul até 1º de junho – o espaço estará aberto de terça-feira a domingo, das 9h às 18h.
O retorno estava programado para ocorrer na quinta-feira (27), mas, segundo a assessoria do evento, a instalação da obra Faísca não foi concluída a tempo.
A retomada, porém, é parcial: estão liberados para o evento artístico o térreo e o mezanino, correspondendo a 2,5 mil metros quadrados, 20% da área total do prédio. Do terceiro ao sexto andar seguem as melhorias, segundo André Flores, secretário municipal de Obras e Infraestrutura de Porto Alegre.
— Ainda falta a automação e a climatização do quarto, quinto e sexto andares, a praça que liga os armazéns do cais com o pier da orla, além de alguns pequenos ajustes. Nossa ideia é que até o final de maio tudo esteja concluído — projetou.
Ziula Cristina da Silveira Sbroglio, 59 anos, foi a primeira a entrar no prédio após a reabertura. Ela relatou ter chegado oito minutos antes de o acesso ser liberado ao público.
— Quis vir cedo, acredito que vai dar muito movimento. Conhecia a Usina de passar na frente, nunca tinha entrado. Ver esse ponto transformado em um espaço cultural é fascinante — disse a advogada, que mora em Londrina (PR) e tem uma casa no Centro Histórico.
Cristielem Paiva, 36 anos, visitava o espaço por volta das 9h30min, com um grupo de crianças da Associação Comunitária do Campo da Tuca, comunidade na zona norte da Capital. O grupo, com idades entre seis e 12 anos, circulava por entre as obras expostas no térreo.
— A maioria deles não conhece muita coisa de arte nem tinha visitado essa parte de Porto Alegre. É uma oportunidade de oferecer isso aos educandos, mostrando um pouco da história e da cultura da cidade — relatou.
Segundo Tiago Sant'Ana, curador adjunto da bienal deste ano, a reabertura do prédio com o evento significa um momento histórico.
— É algo muito especial para a cidade, as pessoas tinham muita expectativa para voltar a visitar. É importante essa interseção com a comunidade, para ampliar os públicos e proporcionar às pessoas o direito de ver a arte que é produzida no mundo inteiro — pontuou.
Melhorias no espaço
Fechado desde novembro de 2017, o prédio histórico recebeu investimento público de R$ 25,9 milhões para melhorias.
Conforme a administração pública, a obra preservou características originais e incluem a recuperação estrutural, a qualificação de novos espaços para atividades culturais com acessibilidade, melhorias na rede elétrica, automatização e climatização e reforma do Teatro Elis Regina.
A empresa de economia mista São Paulo Parcerias foi contratada pela prefeitura de Porto Alegre para fazer o estudo sobre a concessão da Usina. A análise está em andamento.
Ela tem até julho de 2025 para concluir as avaliações que está fazendo. Os estudos ocorrem desde outubro de 2022. O projeto prevê que, por 20 anos, um parceiro faça a operação do local, mantendo o espaço aberto ao público e com acesso gratuito.