Porto Alegre vai ganhar um presente — e será ao som da gaita de oito baixos. Desde o início do ano, está em obras, no bairro Farroupilha, pertinho do Parque da Redenção, a futura sede da Fábrica de Gaiteiros, do grande Renato Borghetti, na capital gaúcha.
É um sonho prestes a ser realizado, como desdobramento do projeto iniciado há mais de uma década pelo artista, que acaba de voltar de uma turnê na Europa.
Erguida das entranhas de duas casas geminadas de 100 anos na Rua Vieira de Castro (na altura dos números 156 e 158), a fábrica será um complexo cultural. Ali, no passado, já funcionaram bares, restaurantes e um café. Reza a lenda que até Adriana Calcanhotto tocou no local.
Agora, o lugar está sendo reformulado para receber dois auditórios (um interno e outro externo), salas de aula e espaços de exposições (um deles permanente, sobre a história do projeto, e o outro destinado a artistas convidados), além de uma sala de convivência e hospedagem para músicos visitantes.
Veja o vídeo exclusivo que preparamos para você
— A fábrica é meu projeto de vida, que não visa ao lucro e que acabou crescendo muito mais do que eu imaginava. Estamos dando um peitaço — brinca Renato, enquanto acarinha o instrumento que virou complemento de seu corpo (veja os vídeos acima e se deleite).
Peitaço em família, eu diria.
Tal qual a sede da fábrica no município de Barra do Ribeiro (construída em um pavilhão de 1932 à beira do Guaíba), o espaço porto-alegrense é projetado por Emily Borghetti.
Filha de Renato, ela é bailarina (a famosa guria da "chula") e arquiteta de formação. Tudo ali é pensando nos mínimos detalhes por quem conhece os palcos "de dentro".
— Quando me formei, meu TCC (trabalho de conclusão de curso) foi sobre a possibilidade de termos uma sede para a fábrica na Barra. Essa foi a primeira grande realização. Agora, temos mais uma chance de fazer música bonita para as pessoas. É uma alegria ver o sonho se tornando realidade de novo — diz Emily, que também é filha de Cadica Costa, outra baita dançarina.
Hoje, o projeto tem 25 escolas espalhadas pelo Rio Grande, um Estado que, no passado, chegou a contar com cerca de 40 fábricas de gaita (quase todas, infelizmente, fechadas).
A iniciativa de Renato surgiu para não deixar a cultura morrer. Nas escolas, ele recebe uma gurizada de 6 a 15 anos louca para aprender, e é tudo de graça. As aulas ocorrem no turno inverso ao do colégio e ultrapassam as partituras — são um jeito bonito de valorizar o fole que tanto marca a arte platina.
A fabricação de acordeões continuará ocorrendo "na Barra", como diz a família, onde tudo seguirá como é hoje (com visitações e variada programação cultural).
A diferença é que, com a inauguração da obra em Porto Alegre, que ainda não tem data prevista e deslancha graças ao apoio da Pavei Construtora, haverá uma nova oportunidade para quem quiser aprender o dedilhado, saber mais sobre o tema e assistir a shows incríveis.
Porto Alegre só tem a ganhar com isso.
Agradecimento
Renato, foi um privilégio te ver tocar no meio da caliça e acompanhar o nascimento de mais esse filho. Obrigada por receber a equipe de GZH com tanto carinho e por tudo o que fazes pela cultura gaúcha. Abre a gaita, gaiteiro!
Apoiadores
Para pessoas e empresas que queriam apoiar a obra, a dica é acessar o site renatoborghetti.com.br. Há um espaço destinado à fábrica, com informações e contato.