Chegar a outros lugares e atingir mais pessoas, incentivando um amplo contato com a arte. Esse é o mote da 14ª edição da Bienal do Mercosul, que tem início nesta quinta-feira (27). Até 1º de junho, a megaexposição irá ocupar Porto Alegre e, desta vez, alcançará a Região Metropolitana, em Viamão.
Nos próximos 66 dias, a Bienal reunirá obras de 77 artistas de diversos cantos do mundo e se espalhará por 18 espaços, todos com entrada franca. Estará presente em locais que já se tornaram tradicionais para o evento, como o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) e a Fundação Iberê Camargo e contará com novos espaços: Cinemateca Capitólio, Pop Center, Museu da Cultura Hip Hop RS, Fundação Ecarta, unidades da Estação Cidadania da Lomba do Pinheiro e da Restinga e a Fundação Vera Chaves Barcellos, esta em Viamão.
— A Bienal tem um histórico de acontecer no Cais e em instituições do Centro. Então, tentamos ampliar a presença em outras regiões de Porto Alegre — destaca Raphael Fonseca, curador-chefe da 14ª edição.
Além dele, há os curadores adjuntos Tiago Sant'Ana e Yina Jimenez Suriel e a curadora assistente Fernanda Medeiros.
Veja mapa das exposições da Bienal do Mercosul
Exposições em galerias
Para a presidente da Bienal do Mercosul, Carmen Ferrão, a megaexposição é uma oportunidade única para o público frequentar e conviver com esses espaços. Ela observa que, muitas vezes, é justamente na Bienal que uma pessoa entra no museu pela primeira vez. Se na 13ª edição o evento atraiu 860 mil visitantes, como informa Carmen, agora a meta é receber um milhão de frequentadores.
— Pessoas que não têm o hábito de frequentar o centro de Porto Alegre terão a oportunidade de ver arte em seu bairro. É um movimento em crescimento — diz Carmen. — Quem já está acostumado, frequenta e adora. Quanto aos que não estão, queremos seduzi-los e encantá-los.
Além dos 18 espaços, haverá 63 exposições em 42 galerias de arte da capital gaúcha, que integram um projeto complementar da Bienal chamado Portas pra Arte. Conforme a organização do evento, a iniciativa convida galerias e espaços expositivos a transformar Porto Alegre em "uma grande exposição", onde "cada bairro respira arte e inspiração", prestigiando artistas gaúchos e nacionais.
— A ideia é reunir o maior número de pessoas em volta da mostra principal, para que a cidade toda possa ser contemplada — diz Carmen.
Rota internacional da arte
Haverá recomeços. Cartão-postal de Porto Alegre, a Usina do Gasômetro será reaberta após mais de sete anos fechada para reformas. Sem receber o público desde a enchente de maio de 2024, o Farol Santander também reabre as portas para a megaexposição.
Originalmente prevista para setembro de 2024, a Bienal foi adiada para este ano por conta da crise climática que atingiu o Rio Grande do Sul em maio. Para Carmen, é "a Bienal da reconstrução":
— Colocamos Porto Alegre na rota internacional da arte depois de um período em que a nossa cidade foi mostrada ao mundo com tantas dificuldades. Agora, queremos mostrar ao mundo tudo o que somos capazes de fazer por aqui.

O que é um "estalo"?
Além da expansão da Bienal por espaços da cidade, há também um considerável fator global na edição 14: uma presença considerável de representantes da América Latina e da Ásia. Sessenta e cinco por cento dos artistas são internacionais e três quartos das obras são inéditas (realizadas para a Bienal) e comissionadas.
Dos 76 artistas, 13 são gaúchos: Chico Machado, Claudio Goulart, Djalma do Alegrete, Eduardo Montelli, Erick Peres, Felipe Veeck, Iberê Camargo, Ismael Monticelli, Laryssa Machada, Letícia Lopes, Lorenzo Beust, Mauro Fuke e Rochelle Costi.
O tema curatorial da 14ª edição é "Estalo", com a finalidade de refletir sobre a noção de transformação. Conforme o manifesto, há artistas de "contextos e interesses contrastantes" e "a dissonância de seus estalos existenciais é a força motora para a reflexão por parte do público".
Cada exposição nos 18 espaços recebe um título diferente e "conecta-se à noção de estalo ampliando o campo semântico da Bienal". Segundo o curador-chefe, o título não é só o tema da Bienal, mas também uma proposição:
— O gesto de estalar com os dedos tem a ver com ritmo, música, barulho. Tem a ver com os mais variados fenômenos da natureza. Achamos bacana dar um título que fosse amplo e permitisse artistas de desejos muito diferentes. Estalo é um guarda-chuva, com muitos lados e muitas cores — observa Fonseca.
Arte também no prato
A Bienal do Mercosul promoverá um programa educativo que abrange seminários, rodas de conversas, cursos de capacitação de professores e mediadores e produção de material pedagógico que incluirá textos e imagens de educadores-pesquisadores.
Também trará uma série de atividades intitulada Programas Públicos, com curadoria assinada por Anna Mattos e Marina Feldens. O projeto abrange palestras, apresentações musicais, exibições de filmes, festas, passeios, oficinas e esportes — o que inclui torneio de basquete e corrida pelo Centro Histórico. No total, estão previstas mais de 50 atividades.
A gastronomia também será agraciada com o Arte no Prato: cinquenta restaurantes irão produzir pratos e drinques com o tema Estalo.
Outras informações podem ser obtidas no site oficial da Bienal.