Depois de três anos sem receber uma edição presencial da Bienal do Mercosul — a última realizada fisicamente foi em 2018 —, Porto Alegre volta a ser abraçada pelo evento a partir desta quinta-feira (15). A data marca a abertura oficial da edição de número 13 da megaexposição, em cerimônia às 18h no Instituto Caldeira (Travessa São José, 455, fechada para convidados), com transmissão pelas redes sociais e por telão no Mercado Paralelo (Rua Frederico Mentz, 1.561). Já a visitação dos espaços inicia-se nesta sexta (16) e vai até o dia 20 de novembro.
Não é mera metáfora dizer que Porto Alegre será abraçada pela Bienal, pois a amplitude geográfica é um dos grandes destaques desta 13ª edição, que tem como tema a tríade Trauma, Sonho e Fuga e curadoria-geral de Marcello Dantas. As obras estarão no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), Memorial do Rio Grande do Sul, Farol Santander, Cais do Porto, Casa da Ospa, Casa de Cultura Mario Quintana e Paço Municipal, todos estes na região central, mas também em localidades que rompem com este circuito tradicional da arte na cidade, como a Fundação Iberê Camargo, na Zona Sul, e os institutos Ling e Caldeira, na Zona Norte. Todos os espaços terão visitação gratuita.
Além disso, há um circuito de arte urbana que visa a despertar a curiosidade dos porto-alegrenses e convocar a população para um encontro mais profundo com a arte. São obras como Batimento, de Tulio Pinto, que consiste em um entrelaço de faixas cor de laranja que foram instaladas ainda em agosto entre prédios da Av. Borges de Medeiros, no Centro, reproduzindo nos ares e em grande escala a figura de um eletrocardiograma.
Conforme a presidente da Fundação Bienal, a empresária Carmen Ferrão, a 13ª Bienal do Mercosul é um convite para desacelerar, deixar de lado a pressa. Seja pelo leque de espaços expositivos, seja pela própria característica das obras, que majoritariamente exploram mais a interação com o público do que a contemplação, a mostra precisará ser vivida e respirada. Um respiro em meio ao caos dos últimos dois anos, marcados pela pandemia.
— Esta não é uma Bienal que as pessoas vão conseguir ver em um dia, pois mais do que ver, nós queremos que as pessoas sintam a Bienal — avisa Carmen. — Temos 10 espaços envolvidos e muita arte pública na cidade. Tem arte no Centro, nos bairros, em cima dos prédios, nas calçadas, nas praças... A ideia é esta: espalhar a arte contemporânea por toda a cidade. Pois a arte é para todos, e uma Bienal precisa envolver todos esses públicos. Nesse sentido, quanto mais espaços e mais regiões contempladas, maiores são as possibilidades de atrair o público.
Quem aceitar o convite para viver esta Bienal vai encontrar trabalhos de cem artistas, vindos de mais de 20 países diferentes. Nomes renomados como o catalão Jaume Plensa, que assina a mostra individual que ocupará a Fundação Iberê, além da obra Silent Hortense, já instalada na frente da instituição; o mexicano-canadense Rafael Lozano-Hemmer, que leva ao Farol Santander uma série de obras tecnológicas e interativas; o britânico radicado em Berlim Tino Sehgal, que propõe a performance This Element em diferentes espaços; e a sérvia Marina Abramovic, que apresenta no Margs intervenções imagéticas que exploram a dor e a violência. E também nomes de uma nova geração, atraída para a Bienal por meio da chamada aberta inédita que financiou a concepção dos 19 projetos que ocuparão o Instituto Caldeira, selecionados às cegas entre mais de 800 propostas inscritas.
Em comum, todos os artistas têm a missão de usar seus trabalhos para traduzir o presente. Este presente atravessado pelos traumas e aprendizados trazidos pela pandemia, as experiências coletivas da dor, da perda e do isolamento, a esperança quase intrínseca à sobrevivência de que tempos melhores virão e a necessidade pungente do contato, do encontro e do afeto. Foi algo indiscutível para o curador-geral Marcello Dantas, que assina a concepção da edição ao lado dos curadores adjuntos Carollina Lauriano, Laura Cattani, Munir Klamt e Tarsila Riso, e da curadoria pedagógica de Germana Konrath. A 13ª Bienal precisava trazer à tona tais questões, porque, conforme ele, "uma Bienal é sempre um reflexo do seu tempo" — mesmo que seja um tempo difícil.
Apesar disso, Dantas garante que esta não será uma Bienal triste. Pelo contrário, será a Bienal do reencontro, da celebração da vida, da cidade, da arte e das pessoas. Se o tema que norteia a edição — Trauma, sonho e fuga — reconhece nas experiências traumáticas um ponto de partida, também vê no sonho o tracejar de uma nova rota possível e na fuga a linha de chegada para um tempo melhor, mais coletivo do que individual, mais de contato do que de distanciamento, e capaz de transformar a dor em arte.
— Ninguém passará por esta Bienal sem ser atravessado por ela. Disso eu tenho certeza — projeta o curador.
13ª Bienal do Mercosul
- Abertura: nesta quinta-feira (15), às 18h, no Instituto Caldeira (Travessa São José, 455, para convidados), em Porto Alegre, com transmissão ao vivo pelas redes sociais da Bienal e por telão no Mercado Paralelo (Rua Frederico Mentz, 1.561).
- Visitação às exposições: desta sexta-feira (16) até 20 de novembro, conforme o horário de visitação de cada local expositivo.
- Locais: Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Praça da Alfândega, s/nº), Memorial do Rio Grande do Sul (Rua Sete de Setembro, 1.020), Farol Santander (Rua Sete de Setembro, 1.028), Armazém A6 do Cais do Porto (Av. Mauá, 1.050), Casa da Ospa (Av. Borges de Medeiros, 1.501), Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736), Fundação Iberê Camargo (Av. Padre Cacique, 2.000 ), Instituto Ling (Rua João Caetano, 440), Instituto Caldeira (Travessa São José, 455) e Paço Municipal (Praça Montevideo, 10).
- Curadoria de Marcello Dantas, com curadoria-adjunta de Carollina Lauriano, Laura Cattani, Munir Klamt e Tarsila Riso e curadoria pedagógica de Germana Konrath.
- Entrada franca.
- Outras informações: bienalmercosul.art.br