A Polícia Civil apreendeu na última quinta-feira (15) o quadro intitulado Pedofilia, que integrava a exposição Cadafalso, realizada no Museu de Arte Contemporânea (Marco), em Campo Grande. A mostra da artista Alessandra Cunha está em cartaz no local desde junho, mas deputados estaduais só resolveram denunciar a obra na última quinta, acusando a pintura de apologia à pedofilia e de conteúdo erótico.
O argumento dos parlamentares foi acatado pelo delegado Fabio Sampaio, que foi ao museu e apreendeu a obra. Antes da polícia chegar ao local, a direção do museu impôs a censura para menores de 18 anos à mostra, que antes era de 12, além de película escura nos vidros das portas onde a Cadafalso é realizada.
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A coordenadora do museu, Lúcia Montserrat, foi intimada a depor sobre a exposição nesta sexta-feira (15). Ela explicou à reportagem da TV Morena que a Cadafalso traz obras que falam do machismo, das agressões que as mulheres sofrem e promovem questionamentos em torno desse tema.
– A arte não é uma coisa passiva, e sim de discussão, de reflexão, de enfrentamento e da realidade – declarou à emissora.
A imagem apreendida pela polícia retrata a figura de um homem, com sua genitália vísivel, e uma menina com os olhos grandes. Também há parte de um corpo de um homem, a partir de sua barriga e seu ´rgão genital. Ao fundo, há um olho. Na pintura está escrita a frase "O machismo mata, violenta e humilha".
O tema foi levantado na Assembleia Legislativa pelo deputado Lídio Lopes (PEN), inspirado pelo episódio da Queermuseu. Ao terminar a sessão, os parlamentares Paulo Siufi (PMDB), Herculano Borges (Solidariedade) e Coronel David (PSC) realizaram a denúncia.
– Os valores estão cada vez mais invertidos. Depois da repercussão negativa da exposição do Banco Santander, infelizmente, o Museu de Arte Contemporânea (Marco) está com uma exposição que ataca os valores das famílias e incentiva a prática de pedofilia. Por isso, juntamente com o deputado Paulo Siufi e Deputado Herculano Borges, fui até a Delegacia Especializada de Proteção a Criança e ao Adolescente registrar boletim de ocorrência a fim de que a polícia possa adotar providências e que essa exposição seja cancelada imediatamente – disse Coronel David ao site da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul.