Quando o garçom Dinarte Valentini, depois de 30 anos, pediu a saideira do Bar do Beto para servir somente à Justiça, a noite de Porto Alegre perdeu uma figura emblemática, mas o dia ganhou um combativo profissional do Direito. E, para marcar essa virada de capítulo, ele decidiu compartilhar em detalhes a sua trajetória em uma longa entrevista ao jornalista e pesquisador Marcello Campos.
O resultado está em De Bandeja – A História de Dinarte Valentini (editora Arvoredo Books, 123 páginas), que será lançado nesta terça-feira (25), às 18h, no Bar do Beto (Av. Venâncio Aires nº 876) e cujo cardápio tem um prato principal, com recheio generoso de idealismo, dedicação, persistência e camaradagem, temperados por uma visão bem humorada e sensível da vida. Na cobertura, histórias testemunhadas ou mesmo protagonizadas por um sujeito que reúne vários personagens em um só. Na sobremesa, 130 depoimentos de colegas, fregueses, amigos e familiares.
E todos eles estão no livro, em textos e imagens: o guri arteiro de Encantado (Vale do Taquari), o rapazinho assustado em Porto Alegre, o aprendiz das madrugadas, o “psicólogo” da noite, o estudante incansável, o advogado combativo, o marido apaixonado, o pai amoroso, o amigo incondicional. Um homem de sorriso largo, que costumava beijar os clientes com os quais tinha mais intimidade, mente aberta e coração sempre pronto para o abraço.
“Mesmo sendo um cara jovem, ele carimbou a sua figurinha no álbum de tipos populares da cidade”, conta Marcello Campos, que topou a ideia de publicar, engrossando uma lista de biografados que inclui Lupicínio Rodrigues e Norberto Baldauf.
“Boa parte do caminho que eu percorri até agora não deixa de ser um resumo das alegrias e dificuldades de uma rapaziada que deixa o interior gaúcho em busca de oportunidades na Capital”, completa Dinarte.