Nasci em 1951 e, até os oito anos, morei na Vila dos Comerciários. Nessa época, lembro que o bairro Menino Deus era passagem quase obrigatória para chegar ou sair de casa. Assim, a fábrica da Pepsi- Cola (acho que o slogan era “Pepsi-Cola, o refrigerante tipicamente gaúcho” como lembrou o leitor Nelson Magdalena, outro dia), na Avenida Praia de Belas, o Cine Marrocos, e a Igreja Menino Deus, antiga e gótica, são referências visuais fortes na minha memória. Outro ponto importante era a Lavanderia OK, na Avenida Getúlio Vargas, onde o carro do meu pai invariavelmente parava para deixar ou recolher as roupas da família. Conversando com Fernando Hennig, soube que a família dele foi proprietária daquele negócio, do qual muitos, como eu, vão lembrar.
No início da década de 1950, o empresário do ramo de tabaco em Santa Cruz do Sul, Erwino Hennig, ofereceu ao genro Ivo Franke a possibilidade de abrir uma empresa. Ivo pesquisou, inclusive nos Estados Unidos, e sugeriu que fosse aberta uma lavanderia com lavagem a seco, atividade com grande potencial. A intenção era fazer uma empresa com o que havia de mais moderno técnica e comercialmente. Para isso, adquiriram equipamentos e um prédio recuado na Avenida Getúlio Vargas, quase na esquina com a Ganzo, além de uma frota de Kombis para fazer a busca e a entrega a domicílio. Em seguida, abriram mais filiais, próprias e licenciadas, e logo a Lavanderia OK se tornou a maior do país. Dependendo do tecido, a lavagem era feita a seco (dry cleaning) ou com água.
No início, lavagem a seco era feita com solvente que, mais adiante, evoluiu para o percloroetileno, produto que limpava melhor e não deixava odor. A OK chegou a ter, entre lojas próprias e terceirizadas, 150 pontos na Capital e Região Metropolitana. No final da década de 1950, o filho de Erwino, o médico Udo Hennig, largou a Medicina e entrou na empresa. Quando os anos 1960 acabaram, Ivo Franke se retirou da sociedade e abriu, com os irmãos, a própria lavanderia. Então, a OK passou a explorar o comércio com as Lojinhas OK, de perfumaria, lingerie e artigos de moda. Mais adiante, trabalhava também com revelação e foto-acabamento. Na década de 1970, os filhos de Udo, Sérgio e Fernando, ingressam também na OK, Sérgio na lavanderia e Fernando nas lojinhas.
No início da década de 1990, a empresa foi vendida.