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A Associação dos Aposentados da Companhia Riograndense de Telecomunicações (AACRT) criou o Memorial CRT, que conta a história da telefonia desde a invenção até os dias atuais e recupera a trajetória daquela que foi uma das maiores referências em telecomunicações no país, a CRT.
O espaço físico no qual as peças serão expostas funcionará na Rua Dr. Ramiro D’Ávila, 176, bairro Azenha, e ainda está em construção. A expectativa de Ruben Dario Vives, coordenador executivo do grupo de criação do memorial, é de que o local seja inaugurado e aberto ao público até o final de 2019. No acervo, por enquanto disponível apenas no blog da AACRT, constam fotografias, livros, jornais, documentos, ferramentas, instrumentos, telefones antigos e outras peças originais que lembram a empresa gaúcha.
Foi produzido um documentário como parte desse resgate, contando toda a história, de 1856 a 2000, enfatizando a estatização da Companhia Telefônica Nacional, feita em 16 de fevereiro de 1962 pelo governador Leonel Brizola, até a extinção da sigla CRT. Intitulado A Era CRT, produzido e dirigido pelo jornalista Elton Bozzetto, com pesquisa de Rogério Verlindo e edição de Lucas Owergoor, o vídeo de uma hora mostra que o congresso americano reconheceu, em 2002, o italiano Antonio Meucci como verdadeiro criador do telefone, em 1856, embora tenha sido patenteado por Alexander Graham Bell, inventor de direito, em 1876.
Em 1880, o telefone chegou ao Brasil, no Rio de Janeiro, no gabinete de Dom Pedro II. No dia 15 de setembro de 1886, os gaúchos conheceram o telefone quando a Empresa União Telefônica do Brasil instalou o centro telefônico em Porto Alegre.
Em 1895, foi fundada, em Pelotas, a Empresa União Telefônica, que implantou a telefonia em Pelotas, Rio Grande e Porto Alegre. Em 1900, entrou em cena o espanhol Juan Ganzo Fernandez, que instalou a rede em Jaguarão. No ano seguinte, esses serviços estariam presentes em Bagé, Santa Maria e Santana do Livramento. Em 1908, surgiu uma empresa gigante, fundada na Capital por Juan Ganzo, Possidônio da Cunha, Manoel Py, entre outros: a Companhia Telefônica Riograndense (CTRG).
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Em agosto de 1927, ocorreu o ingresso de capital americano, quando o grupo International Telephone and Telegraph (ITT) passou a controlar a CTRG. No ano de 1944, chegou a esperada ligação de longa distância com o centro do país.
Em 1950, com a fusão das subsidiárias brasileiras, o grupo americano ITT fez surgir a Companhia Telefônica Nacional (CTN). Com a expansão, começaram os problemas de gestão e a deterioração dos serviços. Em meio à forte crise da telefonia que afetou a economia, o engenheiro Leonel Brizola assumiu o governo do Rio Grande do Sul.
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Ele apresentou proposta à CTN para uma parceria, tendo o Estado como acionista majoritário, o que acabou não acontecendo. Diante da insatisfação dos usuários com a má qualidade do serviço telefônico pela falta de investimentos, Brizola criou, em 1960, a CRT. A CTN, então, concordou em participar da nova empresa, desde que o Estado indenizasse o patrimônio. O valor oferecido não foi aceito e, sem acordo, em 1962, o governador declarou os bens da empresa de utilidade pública para fins de desapropriação.
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No início de 1964, entrou em operação um plano de expansão e modernização. A adoção de novas tecnologias foi rápida. As telecomunicações em todo o país receberam importantes estímulos do governo federal, que, em 1972, criou a Telebras. Os planos de expansão na CRT avançaram a galope. Como comprovação da eficiência da companhia para responder às demandas, ela obteve, em 1992, o índice de 91,8% de satisfação na pesquisa de opinião de usuários.
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Como resultado das inovações, da qualidade dos serviços e do lucro de 1993, a CRT foi eleita pela conceituada revista Exame como a melhor empresa de serviços públicos do país. Mesmo assim, em 1995, ela foi parcialmente privatizada, e, em 1997, a Assembleia Legislativa aprovou a desestatização total da CRT. Em dezembro de 2000, a Companhia Riograndense de Telecomunicações foi incorporada à Brasil Telecom, extinguindo a tradicional sigla CRT, símbolo do incomparável desenvolvimento das telecomunicações no RS.
Colaborou Ruben Dario Vives, do Memorial CRT