No meio da tarde de sexta-feira (10), um estranho mecanismo desce pela rampa do calçadão à beira-mar e começa a rodar pelas areias de Cidreira, no Litoral Norte. Sobre duas rodas, um tonel preto de metal sustenta uma moldura de onde pendem seis garrafas de bebidas alcoólicas coloridas.
A praia não está cheia, mas, mesmo assim, não passa nem um minuto para o primeiro curioso se aproximar e perguntar que tipo de produto está à venda. Em seguida aparece outro interessado e, já na terceira abordagem, é vendido o primeiro drink à base de um whisky Johnny Walker Red Label. Quando a areia está lotada, chega a se formar fila diante da engenhoca que faz sua estreia em praias gaúchas neste verão. Só no Ano-Novo, esgotaram-se 30 garrafas, o suficiente para quase 600 doses.
O "barmóvel" do comerciante Jeferson Lemos Gewehr, 55 anos, foi inspirado em um equipamento semelhante que ele observou quando curtia o mar de Copacabana, no Rio de Janeiro, dois anos atrás. Fascinado pela invenção, tirou fotos do carrinho de bebidas por todos os ângulos e, com o auxílio de um cunhado que tem equipamentos de solda, decidiu reproduzir o modelo carioca e importar a ideia para o Litoral Norte sob o nome Kabeça Drinks.
— Olha, está sendo um sucesso. As pessoas chamam, até pedem para tirar foto — conta Gewehr.
No interior do tonel há vários quilos de gelo e dois tipos de bebida energética. Na alça sobre o cilindro, ele acopla as garrafas de diferentes marcas de whisky, vodka e licor. Debaixo de cada uma, há uma torneirinha que permite despejar a dose exata no copo com facilidade. Da combinação entre essas opções, formam-se os diferentes drinks comprados pelos clientes por valores entre R$ 20 e R$ 40.
O bar ambulante, cujas garrafas com líquidos rosados, marrons e transparentes brilham sob o sol, chama atenção até de quem não costuma beber destilados.
— Eu só tomo cerveja, mas me chamou a atenção porque nunca tinha visto nada igual. Experimentei e gostei — afirma o veranista José Luiz da Cruz, 61 anos.
A farmacêutica Michele Pereira da Silva, 33 anos, disse que ficou de olho no "barmóvel" desde que o inovador modelo de engenharia praiana começou a girar as rodas sobre a areia.
— Até comentei aqui: olha lá, que bonitinho. Fiquei curiosa e quis experimentar — conta a nova cliente.
O resultado nas primeiras semanas de uso do carrinho foi tão bom que Gewehr já planeja ampliar a frota. Está nos planos construir um segundo equipamento, a um custo aproximado de R$ 3,3 mil, a fim de contemplar o interesse da clientela.
— Com um só, não estou conseguindo dar conta da demanda — explica o comerciante.
Assim que sair da soldagem, o vendedor ainda vai decidir se desloca o segundo equipamento para outro ponto de Cidreira ou se leva a novidade para alguma outra praia do Litoral Norte.