Um projeto desenvolvido por um casal de professores de Montenegro, no Vale do Caí, reúne esporte, educação e sustentabilidade. Batizado de Sup para Todos (uma abreviatura para stand up paddle), a iniciativa reúne alunos de cinco escolas da rede pública (três municipais e duas estaduais) e ensina as crianças a confeccionarem pranchas com garrafas PET e a se aventurarem no equilíbrio sobre as águas.
A ideia começou a ser colocada em prática neste ano, em março, com a primeira turma, de 10 alunos. Até o final do ano, serão 30 estudantes beneficiados.
A inspiração partiu do professor de Educação Física Diego Flores, 45 anos, que conta que se motivou ao ver o trabalho do surfista Jairo Lummertz, que tem uma versão do projeto em Santa Catarina, o Eco Garopaba.
— A ideia dele veio do Havaí e a gente foi lá em Garopaba aprender, porque ele é o cara que tem as manhas — explica Diego.
Após a imersão, o Diego e sua esposa, Jeanice Noval, trouxeram os conhecimentos para o Rio Grande do Sul e partiram para a implantação. Dois truques foram essenciais para a prancha do sup: uma cola expansiva à base de água e encher as garrafas de ar para garantir a estrutura. A liga é de cano de PVC, que vem por doação. Já os tatames para a criança colocar os pés em cima da prancha vieram de escolas e de uma empresa parceira.
— É muito legal porque é reciclado — diz Cristiane Lourenço de Souza, 10 anos. A menina participou da primeira turma com o irmão Jairo, de nove anos.
Cada equipamento é criado com 93 garrafas plásticas. Elas são higienizadas e cortadas no formato necessário para se transformarem nos itens dos pequenos esportistas. Os remos também são produzidos com canos e garrafas.
Os encontros ocorrem toda a quinta-feira, no Clube de Regatas, Caça e Pesca do município. Os participantes ganham uniforme, ajudam na construção das pranchas, recebem treinamento para entrar no rio Caí, e também apoio com aulas de natação, assistência odontológica e oftalmológica. Com o período de frio ou de cheias do rio, as crianças treinam em uma piscina térmica de uma empresa parceira.
— A gente é voluntario. Vamos atrás de recursos e usamos o nosso carro mesmo. Agora, estou tentando ter uma Kombi e uma televisão para passar vídeos nas aulas. Quando começamos, não tínhamos nada — conta Jeanice, que é professora de inglês.
A prefeitura de Montenegro decidiu incentivar o grupo, ajudando no transporte e alimentação para os encontros. Além disso, a empresa que disponibiliza as garrafas para serem reaproveitadas fez uma parceria com o projeto e recebe os resíduos que o grupo recolhe do rio Caí.
E a rede de solidariedade segue. Em novembro, está prevista a Remada da Felicidade, reunindo participantes das cidades da região do Vale da Felicidade. O valor arrecadado com a venda das camisetas do evento será revertido para ajudar o projeto.
— Outro fator interessante é que podemos incentivar futuros atletas, porque podemos perceber que alguns têm talento — salienta Jeanice.
Quem quiser apoiar ou saber mais, pode entrar em contato pelo telefone 51 99291-4340.