
Centenas de cavaleiros estão percorrendo campos e estradas do Estado para conduzir a Chama Crioula, símbolo das comemorações da Semana Farroupilha. Com 70 anos de tradição, o ritual, nesta edição, começou em Mostardas, no dia 12, e chega a durar mais de um mês, graças a percursos que podem passar dos 800 quilômetros, dependendo do destino.
Divididos por regiões gaúchas, a fim de contemplar todas as cidades com uma centelha, os grupos que conduzem a Chama realizam um detalhado planejamento antes de começar a cavalgada. Semanas antes, cumprem o roteiro de carro e acertam os locais de acampamento, geralmente em fazendas e centros de tradições.
– Sempre antes, um mês, às vezes dois, vem uma equipe e vai acertando os locais onde vamos pousar, paradas para o almoço – diz o aposentado Mercildo Weber, do grupo Cavaleiros do Planalto Médio, de Passo Fundo, que faz viagem de 577 quilômetros em 17 dias para levar a Chama até a cidade.
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Na última quinta-feira, ZH acompanhou o grupo por 24 quilômetros na localidade de Chico Loma, em Santo Antônio da Patrulha. São 43 homens que se revezam em 30 cavalos. No caminho, figueiras centenárias, campos cheios de gado, banhados. Moradores do lugar deixam suas casas para assistir à passagem dos tradicionalistas.
– Adoro, amo de paixão! – exclama a dona de casa Eva da Silva, do portão de seu lar.
Quem não monta no animal fica na equipe de apoio, que conta com caminhões, ônibus e caminhonetes com reboques, onde são transportados mantimentos e ração para os equinos. Os tradicionalistas dormem nos veículos de carga ou em colchões improvisados nos locais de pernoite. O despertar é por volta de 6h, com frutas, sucos, pão, salame, presunto, café e leite.
– O pessoal gasta muita energia – justifica o cozinheiro do grupo, o aposentado Valmeri Francisco da Silva.
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Feita a primeira refeição do dia, chega a hora de encilhar os cavalos. Antes da partida, há uma oração. Às 8h, os gaúchos começaram mais uma jornada. No trecho acompanhado por ZH, a tarefa de conduzir a Chama coube ao músico Cristiano Quevedo. Já a bandeira do Rio Grande do Sul foi levada pelo também músico Érlon Péricles. Eles aproveitaram a cavalgada para gravar cenas de um clipe. A ordem de apresentação dos símbolos é regida por uma lei.
– É a lei federal do posicionamento das bandeiras. A Chama, considerado o símbolo mais importante, fica ao meio. Depois, a bandeira do Brasil, de “maior poder”, fica à direita, e a do Rio Grande do Sul, à esquerda – explica Airton Timm, responsável por conduzir a bandeira do Brasil.
No caminho, paradas para beber água e descansar os cavalos. O almoço é pelas 13h, no salão da comunidade de Serraria Velha, com cacetinho, salada de tomate e bife. Meia hora para um cochilo sobre os pelegos e, na sequência, o grupo segue para o segundo trecho do dia, de 24 quilômetros, até Entrepelado, distrito de Taquara. A chegada a Passo Fundo está prevista para 30 de agosto.