
A renda familiar é um dos elementos diferenciadores no acesso a creches para crianças menores de quatro anos no país, mostrou uma pesquisa inédita do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que buscou analisar a realidade dos cuidados com a primeira infância no país em 2015. O levantamento mostrou que quando as crianças que permaneciam durante todo o dia no domicílio em que residiam, o rendimento médio mensal domiciliar per capita era de R$ 550. Já quando ficavam em outro domicílio, era de R$ 813, e, quando permaneciam em creches ou escolas, de R$ 972. Ou seja, quanto menor a renda familiar, menor o acesso aos espaços de cuidado e aprendizagem.
Das 10,3 milhões de crianças de menos de quatro anos investigadas na pesquisa, 74,4% (7,7 milhões) não era matriculada em creches ou escolas em nenhum dos turnos (manhã ou tarde). Na Região Norte, a estimativa de não frequência era 90,2% e, na Sul, ocorria a menor proporção, de 65,9%. Os responsáveis pelas crianças, no entanto, demonstravam interesse em matriculá-las em 61,8% (4,7 milhões) dos casos. Interesse que crescia com o aumento da idade, atingindo os maiores percentuais entre as crianças de 3 anos.
O Plano Nacional de Educação (PNE), sancionado em 2014, estabelece na sua primeira meta a universalização da educação infantil na pré-escola para crianças de 4 a 5 anos até 2016 e a ampliação da oferta de educação em creches de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos até 2024. Segundo o IBGE, os dados de 2015 mostram que a taxa de frequência de crianças de 4 a 5 anos na pré-escola está em 84,3%. No caso das crianças com menos de 4 anos, apenas 25,6% estavam em creches.
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Crianças menores de quatro anos são 5,1% dos habitantes
A pesquisa também estimou em cerca de 10,3 milhões o número de crianças de menos de quatro anos no país, o que representava 5,1% da população. A presença de crianças dessa faixa etária foi registrada em 13,7% dos domicílios, atingindo maior proporção maior na Região Norte (18,2%) e valores menores nas Regiões Sudeste (12,3%) e Sul (12,2%). Enquanto na área urbana 13,5% dos domicílios contavam com a presença desses moradores, na área rural, a incidência era um pouco maior (14,7%).
Dos domicílios que possuíam moradores de menos de quatro anos, 89,9% tinham apenas um morador dessa faixa etária. A Região Norte foi a que registrou a maior proporção de domicílios com dois ou mais moradores até essa idade (13,9%).
Já o rendimento médio mensal domiciliar per capita dos domicílios em que havia crianças dessa faixa etária era de R$ 715, ou 53% do valor daqueles em que não havia esses moradores (R$ 1.348). Na Região Nordeste, essa proporção baixava para 51,7%; e na Sul, por outro lado, se elevava a 57%. "O menor percentual observado no Nordeste pode ser explicado, não só pelo fato de essa região já apresentar baixos rendimentos em relação à média nacional, como também por registrar participação maior de crianças desse grupo etário na composição de sua população residente", explicou o IBGE.
* Com informações da Agência Brasil
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