Encarar 2015 – com sua inflação aos saltos e a persistente onda de demissões – não foi fácil, e tudo indica que 2016 não vai ser diferente. As previsões sugerem nervos de aço: a economia voltará a encolher, o dólar vai estacionar acima dos R$ 4 e a alta de preços vai atropelar mais uma vez a meta do Banco Central. É um tripé cruel para a economia: mais empregos serão ceifados, mais atenção será necessária ao comparar preços nos supermercados. Pior é que, diante da dificuldade de o governo Federal tirar do papel medidas que aticem à economia, evaporam as esperanças de uma reviravolta até o final do ano.
Mas há as boas notícias. Nem todos perdem quando mundo financeiro está de ponta-cabeça. Mesmo no meio do pântano que soterrou a economia brasileira há formas de proteger – e até ganhar – dinheiro. A questão é de qual lado do balcão você estará: o que perde ou o que ganha com a crise. Tome-se o exemplo da Taxa Básica de Juros, a Selic, atualmente em 14,25% ao ano. Este é o indicador dos juros de crediários e financiamentos. Desde que voltou a subir, há dois anos e meio, a Selic encareceu as compras no comércio de rua ou nas concessionárias de veículos, inibindo varejo e indústrias como construção civil e de automóveis – e é vista como uma das vilãs da recessão.
Mas a Taxa também traz alegria a muita gente – e não estamos falando de "banqueiros sanguessugas", como gostam de bradar alguns políticos e sindicalistas mais radicais. Tratam-se de pequenos investidores que descobriram os Títulos de Tesouro (que pagam juros à altura da Selic) e têm visto seu patrimônio se multiplicar nos últimos anos.
Veja só: a inflação prevista para 2016 é de 6,9%, enquanto a aplicação em papéis do Tesouro pagam até 15,25% em um ano. É uma diferença de mais de 8%. Onde mais se consegue um rendimento tão alto, praticamente sem risco, e que aceite aplicações suaves – a partir de R$ 30? É raridade – e uma oportunidade valiosa de engordar as finanças.
Tempos de terremoto na economia também obrigam as famílias a cuidarem melhor do seu orçamento e pensarem em formas de incrementar a renda. Muita gente têm se valido da crise para fazer um pente-fino nos gastos, evitando novas dívidas, cessando desperdícios e escapando de preços abusivos.
Tantos outros decidem abrir um negócio próprio, na lacuna deixada por grandes empresas que enxugam quadros e pioram os serviços no anseio de equilibrar as contas. São medidas que servem de escudo para o atual momento da economia, e podem ser uma chave para abrir caminho para uma vida financeira mais organizada – e endinheirada – quando a economia entrar nos eixos.